Combate a incêndios florestais no Paraná registra recorde em 2024

O Paraná enfrentou um ano desafiador em 2024 no combate a incêndios florestais, com recordes históricos de ocorrências e intensas operações de prevenção e combate. Liderada pelo Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR), a Operação Quati João encerrou-se com resultados que destacam tanto o esforço coletivo quanto a gravidade da situação ambiental.

Entre avanços tecnológicos, novas estratégias e colaborações institucionais, o estado registrou quase o dobro de chamados em comparação ao ano passado, reafirmando a necessidade de estratégias robustas para proteger o meio ambiente.

Com 13.247 chamados registrados até novembro, 2024 consolidou-se como o ano mais intenso em ocorrências de incêndios florestais no Paraná nos últimos cinco anos. O aumento foi significativo quando comparado aos 6.483 casos de 2023 e aos 4.659 de 2022. Segundo o subcomandante-geral do CBMPR, coronel Antonio Geraldo Hiller Lino, a alta incidência exigiu esforço redobrado das equipes. “Foi uma operação bastante intensa, que demandou grande mobilização de nossos bombeiros e parceiros”, afirmou o coronel.

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Entre maio e outubro, período de maior atividade da operação, 7.976 incêndios foram combatidos em todo o estado. O 2º Comando Regional Bombeiro Militar (2º CRBM), com sede em Londrina, liderou o volume de ocorrências, somando 3.389 chamados em 188 municípios do Norte do Paraná. Já o 1º CRBM, que cobre Curitiba, os Campos Gerais e o Litoral, respondeu a 2.676 ocorrências. O 3º CRBM, em Cascavel, mobilizou-se 1.911 vezes, abrangendo o Oeste e Sudoeste do estado.

Um dos grandes destaques da Operação Quati João foi a utilização inédita de aeronaves para combater incêndios de grande proporção e em locais de difícil acesso. O recurso, viabilizado por uma parceria com a Defesa Civil, trouxe agilidade e eficácia para áreas críticas, como as reservas ambientais em Ponta Grossa, Maria Helena e Piraquara. A inovação representou um avanço significativo na capacidade de resposta do CBMPR.

A cooperação com entidades como o Instituto Água e Terra (IAT), a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Rede Nacional de Brigadas Voluntárias (RNBV) foi essencial para o planejamento e execução das ações. Além disso, a colaboração com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) forneceu dados meteorológicos cruciais, permitindo mobilizações estratégicas durante períodos de maior risco.

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O estreitamento das relações com prefeituras foi outro ponto de destaque. O objetivo foi agilizar a comunicação de ocorrências e promover um trabalho conjunto mais eficiente. Essa integração também possibilitou a criação de políticas locais mais rígidas, impactando diretamente na prevenção de novos focos.

O Simepar desempenhou um papel fundamental no suporte às ações de 2024. Com dados meteorológicos em tempo real, o sistema identificou áreas de maior risco e direcionou recursos para regiões críticas. O mapeamento de focos de calor não apenas orientou a estratégia do CBMPR, mas também refletiu com precisão os locais que registraram maior número de ocorrências.

Clima seco e temperaturas elevadas

Condições climáticas atípicas, marcadas por longos períodos de estiagem e altas temperaturas, intensificaram os incêndios em várias regiões do estado. Esse cenário demandou uma resposta rápida e articulada, que contou com a mobilização da Força-Tarefa de Resposta a Desastres.

Apesar dos avanços, o aumento no número de incêndios reforçou desafios significativos. A escassez de recursos em algumas áreas e a necessidade de modernizar equipamentos ainda são barreiras a serem superadas. Além disso, o rigor na aplicação da legislação ambiental foi apontado como uma prioridade para os próximos anos.

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“Trabalhar em conjunto com quem tem preocupação com o meio ambiente é essencial. Precisamos de ações integradas para reduzir os impactos dos incêndios florestais”, destacou o coronel Hiller Lino.

Para o próximo ano, o CBMPR planeja fortalecer ainda mais suas operações. A experiência acumulada em 2024 será utilizada para aprimorar técnicas e treinar equipes. Novos equipamentos, como drones com câmeras térmicas e alto-falantes, já estão previstos para integrar as ações no Litoral, ampliando a capacidade de monitoramento e combate.

Outra prioridade será a intensificação de campanhas de conscientização ambiental, buscando engajar a população na prevenção de incêndios. A colaboração com escolas, comunidades e empresas será um dos pilares dessa iniciativa.