Identificada nova pirâmide descoberta no início do ano no Peru: a mais antiga das Américas

Em fevereiro de 2025, pesquisadores do Ministério da Cultura do Peru anunciaram a descoberta de uma nova pirâmide milenar em Chupacigarro, um antigo assentamento urbano próximo ao sítio arqueológico de Caral, ao norte de Lima. A estrutura monumental pertence à civilização de Caral, considerada a mais antiga das Américas, com cerca de 5 mil anos de existência.

Coberta por vegetação seca e árvores baixas, a pirâmide estava camuflada na paisagem até que recentes expedições conseguiram remover os arbustos e revelar os muros de pedra e três plataformas sobrepostas que compõem a edificação. A escadaria central que leva ao topo da pirâmide e os imponentes blocos de pedra que formam seus cantos demonstram a sofisticação do planejamento urbano e religioso desse povo ancestral.

Chupacigarro, onde a pirâmide foi encontrada, está a apenas 1 km da Cidade Sagrada de Caral, ocupando uma área de 37.790 hectares no fértil vale de Supe, região conhecida por abrigar as raízes mais profundas da civilização no continente. Segundo as autoridades peruanas, o sítio recém-revelado não era visível do vale, o que sugere que funcionava como uma extensão privada ou cerimonial da cidade principal.

O conjunto arqueológico de Chupacigarro abriga 18 outras edificações sobre pequenas colinas que se distribuem ao redor de uma praça central. Cada uma dessas construções apresenta formas e dimensões distintas — o que indica que cada estrutura possuía uma função específica, seja ela habitacional, administrativa, espiritual ou ritualística.

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Entre os destaques da arquitetura está o Edifício Mayor, ao lado de uma praça rebaixada com escadarias monumentais e grandes monólitos. Esses elementos reforçam a tese de que a região tinha profundo significado simbólico e espiritual, funcionando como um espaço de poder e conexão com o sagrado.

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Quando falamos em civilizações antigas, nomes como Egito, Mesopotâmia e China costumam dominar o imaginário popular. Mas Caral merece — e muito — entrar nessa conversa. Localizada no atual território peruano, Caral floresceu entre 3000 e 1800 a.C., tornando-se uma das primeiras sociedades urbanizadas do mundo, contemporânea de outras civilizações milenares.

O que impressiona em Caral é o nível de organização social e urbana, com pirâmides, praças cerimoniais, residências planejadas e áreas públicas. Tudo isso sem contar com uma única evidência de guerra ou armamento. A cultura de Caral era, acima de tudo, uma sociedade que valorizava a ciência, a astronomia, a engenharia e a espiritualidade.

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E como se a pirâmide recém-descoberta já não fosse suficiente, os arqueólogos ainda identificaram um enigmático geoglifo nas proximidades de Chupacigarro. Com 61,2 metros de comprimento por 30,3 metros de largura, a figura representa um rosto humano de perfil, com olhos fechados, cabelos ao vento e boca entreaberta — quase como se estivesse em transe espiritual ou emitindo sons ritualísticos.

O detalhe? A imagem só pode ser totalmente vista de um ponto estratégico elevado, o que mostra um nível impressionante de domínio geométrico e territorial por parte da civilização que o criou. Os traços do rosto carregam fortes características pré-hispânicas, ligando visualmente a arte do geoglifo às culturas ancestrais do norte do Peru.

Com essa nova descoberta, o Peru fortalece ainda mais sua posição como um dos territórios arqueológicos mais ricos do planeta. A pirâmide de Chupacigarro e o geoglifo são testemunhos de uma sociedade que prosperou sem violência, com foco na arte, na religião e na convivência sustentável com o meio ambiente.

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E para os estudiosos, as novas estruturas trazem pistas valiosas sobre os hábitos, rituais e organização política dos povos que habitaram o continente muito antes da chegada dos europeus. Como a própria nota oficial resume:

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“O assentamento reforça a magnitude da civilização de Caral e seu papel como berço cultural da América.”

Mais que uma descoberta arqueológica, o que vemos em Chupacigarro é uma oportunidade rara de resgatar as vozes esquecidas do passado — vozes que, por meio das pedras, do traçado dos muros e dos desenhos no solo, ainda têm muito a contar.

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