A busca por pessoas desaparecidas no Brasil é um desafio contínuo que exige inovação e esforços coordenados entre diversas instituições. Em uma tentativa de intensificar esses esforços, a Polícia Civil do Paraná (PCPR) e a Polícia Científica do Paraná (PCP) uniram-se à Mobilização Nacional de Identificação de Pessoas Desaparecidas.
Esta campanha, que ocorrerá de 26 a 30 de agosto, é coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e tem como principal objetivo aumentar o número de perfis genéticos coletados, ampliando assim as chances de localizar e identificar pessoas desaparecidas.
A importância da coleta de DNA
O uso de tecnologia avançada, como a coleta de DNA, tem se mostrado fundamental na identificação de pessoas desaparecidas. A coleta de material genético de familiares é um passo essencial nesse processo, pois aumenta significativamente as chances de localizar e identificar desaparecidos por meio de métodos científicos avançados. De acordo com Luiz Rodrigo Grochocki, diretor-geral da Polícia Científica do Paraná, a colaboração das famílias na coleta de DNA é vital para o sucesso das investigações.
“É crucial que as famílias procurem as unidades da Polícia Científica para realizar essa coleta. Essa colaboração não só fortalece a eficácia das investigações, mas também representa um passo essencial na busca por respostas”, afirmou Grochocki. Ele reforça que as amostras de DNA devem ser colhidas preferencialmente por familiares de primeiro grau, como pais, filhos e irmãos biológicos, para garantir maior precisão na identificação.
O trabalho integrado entre a Polícia Civil e a Polícia Científica do Paraná tem se mostrado eficaz na busca por pessoas desaparecidas. Segundo a delegada Patricia Paz, essa colaboração permite uma resposta mais rápida e eficaz aos familiares que aguardam por notícias de seus entes queridos. “Esta campanha reforça a importância da contribuição das instituições de segurança, aliada à colaboração das famílias, para que possamos oferecer respostas sobre os desaparecimentos”, explicou a delegada.
O secretário estadual da Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira, destacou que a mobilização nacional serve como um reforço nas ações que já são realizadas diariamente pela Polícia Científica. “As coletas de DNA são provas importantes que podem auxiliar no trabalho de investigação da Polícia Civil. No Paraná, as forças de segurança atuam de forma integrada, e isso é mais um exemplo desse compromisso”, afirmou Teixeira.
Uma das ferramentas mais poderosas na identificação de pessoas desaparecidas é o Banco Nacional de Perfis Genéticos, que armazena informações genéticas coletadas em todo o país. Até maio de 2024, mais de 220 mil perfis genéticos haviam sido inseridos no banco, dos quais 7 mil foram coletados no Paraná. Esse esforço resultou na identificação de oito cadáveres no estado, demonstrando a eficácia do banco como um recurso crucial na resolução de casos de desaparecimento.
Pedro Canezin, chefe da Seção de Genética Molecular Forense, enfatiza que uma vez coletado, o material genético permanece armazenado no banco e pode ser reutilizado em investigações futuras. Isso significa que familiares que já forneceram amostras de DNA em ocasiões anteriores não precisam repetir o procedimento, o que facilita o processo e garante a continuidade das investigações.
Para que uma investigação de desaparecimento seja iniciada, o primeiro passo é registrar um boletim de ocorrência, o que pode ser feito em qualquer delegacia do Estado ou via internet. A partir desse registro, a Polícia Civil do Paraná alinha a tecnologia disponível com a expertise dos policiais para conduzir investigações rápidas e eficientes, proporcionando respostas aos familiares o mais breve possível.
Um ponto importante a ser destacado é que a notificação de um desaparecimento pode ser feita imediatamente, sem a necessidade de esperar 48 horas, como é comumente acreditado. Esse procedimento ágil é fundamental para que as autoridades possam agir rapidamente, aumentando as chances de sucesso nas buscas.
Apesar dos avanços tecnológicos e das iniciativas como a Mobilização Nacional de Identificação de Pessoas Desaparecidas, os desafios na busca por desaparecidos permanecem significativos. A coleta de DNA, embora crucial, é apenas uma parte do processo. A eficácia das investigações também depende de outros fatores, como a comunicação eficiente entre as diferentes forças de segurança e o acesso a tecnologias de ponta para análise de dados.
O Paraná tem se destacado nesse cenário, graças à integração de suas forças de segurança e ao uso avançado de recursos tecnológicos. No entanto, ainda há muito a ser feito para melhorar o sistema de busca e identificação de desaparecidos em todo o país. A colaboração contínua entre as famílias, as forças de segurança e o governo é essencial para enfrentar esses desafios e oferecer respostas às milhares de famílias que vivem a angústia de não saber o paradeiro de seus entes queridos.
A Mobilização Nacional de Identificação de Pessoas Desaparecidas é mais do que uma campanha anual; ela representa um esforço contínuo para melhorar a capacidade do país de lidar com os casos de desaparecimento. Durante o período de mobilização, o número de coletas de DNA aumenta significativamente, o que, por sua vez, eleva as chances de identificar pessoas desaparecidas.
Essa campanha também serve para conscientizar a população sobre a importância da coleta de DNA e de registrar boletins de ocorrência rapidamente. A informação é uma ferramenta poderosa na busca por desaparecidos, e quanto mais cedo as autoridades forem notificadas, maiores são as chances de sucesso na investigação.