Poucos campos da cultura provocam debates tão intensos quanto a literatura. Um livro pode ser aclamado por uns como uma obra-prima e, ao mesmo tempo, rejeitado por outros como um exagero ou até mesmo um fracasso. Esse fenômeno, que atravessa séculos, mostra como a leitura é uma experiência subjetiva, marcada por sensibilidades, contextos históricos e visões de mundo distintas.
“Ulisses”, de James Joyce
Publicado em 1922, Ulisses é considerado por muitos como a obra máxima da literatura modernista. Sua narrativa fragmentada, cheia de referências literárias e experimentações linguísticas, encantou intelectuais, mas também afastou leitores que o julgam hermético e excessivamente complexo. Ainda hoje, permanece como um divisor de águas entre o gênio literário e o enigma indecifrável.

“O Apanhador no Campo de Centeio”, de J. D. Salinger
Desde o seu lançamento em 1951, este romance foi aclamado por dar voz à juventude rebelde e inconformada. Porém, também foi alvo de censura em escolas e bibliotecas, acusado de promover comportamento imoral e linguagem inadequada. Para muitos, é uma leitura essencial sobre adolescência; para outros, um livro superestimado.

“Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez
A obra que consagrou o realismo mágico tornou García Márquez imortal na literatura mundial. Ainda assim, Cem Anos de Solidão não escapou das críticas. Alguns leitores se encantam com sua riqueza poética e complexidade narrativa, enquanto outros a consideram excessivamente densa e confusa. Apesar das divergências, tornou-se um clássico indiscutível.

“Lolita”, de Vladimir Nabokov
Publicado em 1955, Lolita gerou uma das maiores polêmicas da história literária. A narrativa sobre a relação entre um homem adulto e uma adolescente foi considerada imoral e escandalosa por críticos e leitores. No entanto, a sofisticação literária e a ironia de Nabokov transformaram a obra em um marco, admirado tanto pela ousadia quanto pelo estilo.

“Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa
Considerado o maior romance brasileiro do século XX, Grande Sertão: Veredas fascina por sua linguagem inovadora e profunda reflexão filosófica. Contudo, a escrita densa e experimental afastou parte dos leitores, que o julgam de difícil acesso. Entre amores e rejeições, a obra firmou-se como um clássico que exige entrega e paciência, mas recompensa quem se aventura em suas páginas.

“As Vinhas da Ira”, de John Steinbeck
Vencedor do Prêmio Pulitzer em 1940, o romance retrata o drama de famílias de agricultores durante a Grande Depressão. Admirado por sua crítica social e humanismo, também foi acusado de propaganda política e censurado em diferentes estados norte-americanos. Até hoje, divide opiniões entre os que o veem como denúncia necessária e os que o consideram excessivamente ideológico.

Conclusão
As seis obras apresentadas mostram como a literatura é, ao mesmo tempo, arte e provocação. Ao dividir opiniões, esses livros cumpriram um papel fundamental: provocar reflexão, gerar debate e instigar novas formas de leitura. O que para alguns é genialidade, para outros é exagero; o que emociona determinados leitores, irrita outros. E é justamente essa multiplicidade de interpretações que torna a literatura tão fascinante.
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