Governo lança pacote para reaquecer o crédito imobiliário, aumentar o teto de financiamento e incluir a classe média em novos programas habitacionais.
A classe média, afastada das políticas habitacionais nos últimos anos por causa da alta dos juros e das restrições de crédito, volta ao centro das atenções do governo federal. Após superar a meta de moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, o governo prepara um novo pacote voltado a famílias com renda entre R$ 12 mil e R$ 20 mil mensais — um público que ficou desassistido, mas que representa um grupo expressivo no mercado e nas urnas.
Durante o evento Incorpora 2025, promovido pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o ministro das Cidades, Jader Filho, afirmou que o governo quer corrigir distorções que afastaram esse público do mercado de crédito imobiliário. Segundo ele, a alta taxa de juros, que chegou a 15% ao ano, tornou inviável o financiamento de imóveis no setor privado, e o papel do governo agora é oferecer alternativas para reverter esse cenário.
De acordo com o ministro, a principal dificuldade enfrentada pela classe média está na falta de recursos para financiar novos imóveis. A tradicional poupança, principal fonte de crédito habitacional, perdeu força devido às taxas de juros elevadas, que atualmente variam entre 19% e 22%. Para mudar essa realidade, o governo lançará a chamada “nova poupança”, uma modalidade de crédito que prevê a liberação de 5% dos depósitos compulsórios do Banco Central.
A expectativa é que essa liberação injete cerca de R$ 20 bilhões no mercado imobiliário, ampliando o acesso ao financiamento para a compra da casa própria. Apenas a Caixa Econômica Federal, líder no setor, deve disponibilizar cerca de 80 mil novos contratos habitacionais até 2026.
O pacote de medidas inclui ainda a atualização do valor máximo dos imóveis financiados pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH), cujo teto, atualmente fixado em R$ 1,5 milhão, deve ser elevado para cerca de R$ 2 milhões. A mudança permitirá que imóveis de padrão mais elevado também possam ser financiados em condições mais acessíveis.
Jader Filho afirmou que o governo pretende levar ao Conselho do FGTS uma proposta de orçamento de R$ 147 bilhões para habitação em 2026. Segundo ele, não há risco de falta de recursos. A vice-presidente de Habitação da Caixa, Inês da Silva Magalhães, destacou que o banco está otimista com o novo modelo, que pode impulsionar o mercado e beneficiar milhares de famílias.
Além das novas linhas de crédito, o governo planeja ajustes nas faixas do Minha Casa, Minha Vida, especialmente na Faixa 4, que contempla famílias com renda entre R$ 9.600 e R$ 12 mil. O objetivo é corrigir os tetos de renda e valores dos imóveis nas faixas mais baixas, levando em conta as variações regionais de custo.
O programa, que já contratou 1,8 milhão de moradias desde 2023, sendo 1,1 milhão em construção, deve superar a meta inicial de 2 milhões e alcançar 3 milhões de unidades até 2026. Desde o início do mandato, mais de R$ 275 bilhões foram injetados na economia por meio do Minha Casa, Minha Vida.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, informou que o governo também estuda um novo programa de crédito para melhorias habitacionais. Ele destacou que o déficit habitacional do país, estimado em cerca de 6 milhões de unidades, não se limita à falta de moradias, mas inclui também residências em condições precárias que precisam de reformas.
As medidas fazem parte da estratégia do governo para fortalecer o setor da construção civil, reduzir o déficit habitacional e retomar o acesso da classe média ao crédito imobiliário, estimulando o crescimento econômico e a geração de empregos no país.

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