Como não cair no golpe do PIX devolvido

Com a crescente popularidade do PIX no Brasil, um sistema de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central, novas formas de golpes estão surgindo, aproveitando-se da facilidade e agilidade das transações financeiras. Um dos mais recentes e preocupantes é o chamado “golpe do PIX devolvido”. Neste golpe, os criminosos conseguem não apenas enganar as vítimas para devolverem um valor transferido “por engano”, mas também dobrar o montante devolvido, aproveitando-se do Mecanismo Especial de Devolução (MED). Com milhares de brasileiros sendo impactados, é crucial entender como essa fraude funciona, como se proteger e o que fazer caso seja vítima.

Como funciona o golpe do PIX devolvido?

A mecânica do golpe do PIX devolvido é relativamente simples, mas eficaz devido à confiança que as vítimas depositam nas transações e nas justificativas apresentadas pelos golpistas. Veja o passo a passo:

  1. Transferência inicial do golpista: O fraudador realiza uma transferência via PIX para a conta da vítima. Esse valor geralmente é pequeno, algo que não levante suspeitas imediatas.
  2. Contato com a vítima: Após a transferência, o golpista entra em contato com a vítima alegando que o valor foi enviado por engano. Muitas vezes, essa abordagem é feita de maneira educada e persuasiva, criando uma sensação de urgência e honestidade.
  3. Solicitação de devolução em outra conta: Em vez de solicitar que a devolução seja feita para a mesma conta de origem, o golpista fornece novos dados bancários. A vítima, sem saber, realiza a transferência para a conta indicada pelo criminoso, acreditando estar corrigindo um erro.
  4. Ação do Mecanismo Especial de Devolução (MED): Após a devolução realizada pela vítima, o golpista solicita, através do MED, o estorno automático do valor que havia transferido inicialmente. O MED é uma ferramenta legítima do Banco Central criada para corrigir erros ou fraudes, permitindo que o valor de uma transação seja devolvido diretamente para o remetente. Contudo, os golpistas se aproveitam dessa funcionalidade para dobrar o valor recebido: ficam com a quantia devolvida pela vítima e com o estorno realizado pelo banco.
  5. Resultado final: No final, o fraudador consegue lucrar o dobro do valor transferido, enquanto a vítima perde o montante que acreditava estar devolvendo de boa-fé.

Como evitar o golpe do PIX devolvido?

A prevenção é o melhor caminho para evitar cair em golpes relacionados ao PIX. Conhecer as funcionalidades do sistema e agir com cautela são essenciais para manter suas finanças seguras. Aqui estão algumas medidas que podem ser adotadas:

  1. Desconfie de transferências inesperadas: Se você receber um valor via PIX de alguém que não conhece, o primeiro passo é desconfiar. Embora erros genuínos possam acontecer, golpistas contam com a ingenuidade e boa vontade das vítimas para que o golpe funcione.
  2. Use a ferramenta de devolução do banco: Todos os bancos que operam com PIX possuem uma funcionalidade específica para devolução de valores. Quando um valor é transferido por engano, a devolução deve ser feita diretamente por essa ferramenta, que garante que o dinheiro seja enviado de volta para a conta de origem. Nunca realize transferências manuais para dados fornecidos por terceiros.
  3. Atenção ao contato com o remetente: Se alguém entrar em contato alegando ter feito uma transferência errada, verifique com calma. Confirme os dados da pessoa e, se possível, fale com o banco para entender melhor a situação. Nunca ceda à pressão de urgência.
  4. Cheque o histórico de transações: Antes de realizar qualquer devolução, consulte o histórico de transações em seu banco. Isso ajudará a verificar se a transferência realmente aconteceu da forma que a pessoa está alegando.

O que fazer se já caiu no golpe?

Se você perceber que foi vítima do golpe do PIX devolvido, é essencial agir rapidamente para tentar minimizar os danos. Aqui estão os passos a seguir:

  1. Entre em contato com o banco imediatamente: Ao perceber que caiu no golpe, informe sua instituição financeira o quanto antes. Ela pode acionar o Mecanismo Especial de Devolução para tentar recuperar o valor.
  2. Registre um Boletim de Ocorrência (B.O.): É importante formalizar a ocorrência junto às autoridades, para que o crime seja investigado. Leve o máximo de informações, como comprovantes de transações e detalhes do contato com o golpista.
  3. Procure o Procon: Se o banco não resolver o problema ou se houver dificuldades no processo de devolução, o Procon pode ser acionado para intermediar a situação.
  4. Reclamação no Banco Central: Outra possibilidade é registrar uma reclamação no Banco Central, que supervisiona as instituições financeiras e pode agir em casos de irregularidades no processo de devolução.

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O que é o Mecanismo Especial de Devolução (MED)?

O Mecanismo Especial de Devolução (MED) foi criado pelo Banco Central do Brasil para proteger os usuários do PIX em casos de fraudes, erros operacionais ou duplicidade de transações. Quando uma pessoa se depara com um problema em uma transferência, como um erro ou golpe, ela pode acionar o MED, que permite que o banco devolva o valor para a conta de origem sem a necessidade de intervenção do recebedor.

É importante destacar que o MED só deve ser utilizado em casos legítimos de fraude ou erro. O uso indevido dessa ferramenta pode ser considerado um crime e levar a punições. As instituições financeiras têm até 80 dias após a data da transação para solicitar o estorno via MED, e o banco do destinatário tem até sete dias para analisar o pedido. Caso a solicitação seja aceita, o estorno deve ocorrer em até 96 horas.

Por que os golpistas estão se aproveitando do MED?

O Mecanismo Especial de Devolução foi projetado para ser uma ferramenta de proteção aos usuários, mas, como ocorre com muitos sistemas, criminosos encontraram uma brecha para explorar. Ao solicitar o estorno de valores por meio do MED após já terem recebido um reembolso manual da vítima, os golpistas conseguem dobrar o lucro de maneira rápida e sem grande esforço.

Os criminosos apostam na boa vontade das vítimas, que devolvem o valor acreditando estar corrigindo um erro legítimo. Uma vez que a devolução é feita para uma conta diferente da original, o golpista pode pedir o estorno original, utilizando o MED para garantir o dobro do valor.

Conclusão

O golpe do PIX devolvido é uma nova ameaça no cenário das fraudes financeiras no Brasil, mostrando como até mesmo sistemas seguros podem ser explorados por pessoas mal-intencionadas. A chave para evitar cair nessa armadilha é a informação. Entender como o golpe funciona, desconfiar de situações inesperadas e sempre utilizar as ferramentas de devolução oferecidas pelos bancos são as melhores formas de se proteger.

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