Os criminosos não têm freio — e agora estão investindo pesado em golpes que exploram o medo, a informação pessoal e o terror psicológico. Uma mulher natural de Barracão, no Paraná, atualmente morando no estado do Mato Grosso, foi vítima de uma tática sórdida aplicada por estelionatários que se passaram por membros do Comando Vermelho. O caso, revoltante e assustador, mostra até onde esses golpistas são capazes de ir para arrancar dinheiro de pessoas inocentes, trabalhadoras e, muitas vezes, já vulneráveis.
A vítima, de 39 anos que está grávida, que conversou com exclusividade com a reportagem do Jornal da Fronteira, revelou que perdeu R$ 982,00 em um único Pix, feito sob pressão e ameaças explícitas. A história começa com um áudio, aparentemente inofensivo, enviado por um número com DDD da região dela. No início, o tom do criminoso era calmo, quase respeitoso: mencionava a “ética profissional” da mulher, seu comprometimento e até detalhes sobre sua profissão — dados que, ao que tudo indica, foram coletados nas redes sociais.
Mas logo o tom muda. Em um segundo áudio, o suposto criminoso acusa a mulher de colaborar com a polícia, afirmando que ela teria “dedurado” integrantes do Comando Vermelho. Ele afirma ter tido prejuízos financeiros por conta disso e exige que ela o indenize para que “não sofra represálias” — incluindo seus filhos.
No terceiro áudio, a máscara cai de vez: gritando, agressivo, o homem exige que ela entre em contato com ele imediatamente, em 10 segundos, para “pegar a conta e pagar o valor”. A ameaça é direta: se não obedecesse, ela morreria.
O medo tomou conta. A mulher, em estado de pânico, ligou imediatamente. Durante cinco minutos, foi mantida na linha, sob pressão constante, enquanto ouvia que havia “homens armados” prontos para invadir sua casa, e que sabiam exatamente onde ela morava. “Mandaram foto da farmácia, sabiam de tudo, meu nome, meus filhos. Ontem à noite já tinham mandado mensagem de um número com DDD 66 me chamando pelo nome. Eu entrei em pânico”, contou.
A tortura psicológica foi tão intensa que ela não pensou duas vezes.Ela fez o Pix solicitado. “Quando ele falou que queria R$ 980,00 porque perdeu a droga por minha culpa e sabia dos meus filhos, eu só queria que aquilo acabasse. Não pensei em dinheiro, só queria proteger minha família”, desabafou.
Após tudo passar, a mulher foi interna para tomar soro, devido a alta pressão naquele momento — tamanha era a ansiedade.
A mulher relatou ainda que, após o ocorrido, uma amiga dela, que trabalha em um salão de beleza, contou ter caído no mesmo golpe — um indício de que o golpe está se espalhando rapidamente e pode já ter feito mais vítimas.
Este tipo de golpe é um híbrido entre o estelionato e a extorsão, e vem sendo aplicado com crescente sofisticação no Brasil. Criminosos pesquisam minuciosamente suas vítimas nas redes sociais, coletam dados como nomes de familiares, locais de trabalho, rotinas e até fotos, e depois usam essas informações para compor um cenário de terror. O objetivo? Fazer a vítima agir no impulso, sem tempo para pensar ou buscar ajuda.
Autoridades alertam que esse tipo de golpe tem ganhado força especialmente em estados do Centro-Oeste e Sul do país, e que o uso do nome de facções criminosas como o Comando Vermelho é uma tática deliberada para aumentar o impacto psicológico. Em muitos casos, o DDD usado pelos golpistas coincide com o da cidade da vítima, o que dá uma falsa sensação de veracidade.
O que fazer se você receber esse tipo de ameaça?
A orientação das polícias civis e federais é clara:
- Nunca faça transferências sem verificar a origem da ameaça.
- Desligue imediatamente e procure uma delegacia.
- Registre um boletim de ocorrência.
- Comunique amigos e familiares, especialmente os que têm dados expostos nas redes.
- E acima de tudo: mantenha a calma. O terror psicológico é a arma dos golpistas.
Este caso serve como alerta para todos: a combinação de exposição nas redes sociais com a astúcia dos criminosos tem feito vítimas de todas as idades e profissões. O medo, quando manipulado, se torna um negócio lucrativo para quem está do outro lado da linha.