Em meio a um processo de recuperação judicial nos Estados Unidos e enfrentando uma dívida de aproximadamente R$ 51 bilhões, a companhia aérea Gol anunciou nesta sexta-feira (9) que seu conselho de administração aprovou uma proposta significativa de aumento de capital, que poderá alcançar até R$ 19,25 bilhões. A medida será submetida à apreciação dos acionistas em assembleia.
A operação, considerada uma das maiores já realizadas no país, visa reequilibrar a estrutura financeira da empresa, cujo patrimônio líquido, até o fechamento de fevereiro, estava negativo em R$ 27,7 bilhões. A proposta faz parte do plano de reestruturação da Gol, que busca aliviar o pesado endividamento e restabelecer a sustentabilidade de longo prazo da companhia aérea.
Condições da operação: valores simbólicos para ações
De acordo com o fato relevante divulgado ao mercado, o aumento de capital será viabilizado por meio da emissão de novas ações a preços simbólicos. O valor de emissão definido para os papéis é:
- R$ 0,0002857142 por ação ordinária, que dá direito a voto;
- R$ 0,01 por ação preferencial, que não concede direito a voto.
Para efeito de comparação, na quinta-feira (8), os papéis preferenciais da Gol fecharam cotados a R$ 1,19. A enorme diferença entre o valor de mercado e o preço de emissão reforça a expectativa de diluição para os acionistas que não acompanharem o aporte.
Conversão de dívidas em ações
A Gol informou que o plano prevê a conversão de parte relevante de sua dívida em capital. Segundo a empresa, cerca de US$ 2,7 bilhões em dívidas serão convertidos em ações dentro da proposta de capitalização, o que permitirá uma redução material no passivo financeiro. A companhia ressalta que o movimento é parte de uma estratégia ampla para preservar suas operações e garantir sua continuidade no setor aéreo.
Contexto do plano de recuperação judicial
A proposta integra o plano de reestruturação financeira da Gol em tramitação nos tribunais dos Estados Unidos, onde a empresa entrou com pedido de proteção judicial contra credores sob o chamado Chapter 11, mecanismo jurídico comum entre grandes empresas americanas em crise. O processo permite à companhia continuar operando normalmente enquanto renegocia seus compromissos.
A expectativa da Gol é que, com o aumento de capital, a conversão da dívida e outras medidas de reestruturação, seja possível restaurar a saúde financeira da empresa e reconquistar a confiança do mercado e de seus clientes.
Gol tenta retomar o controle financeiro com megacapitalização
O anúncio do aumento de capital bilionário marca um dos capítulos mais desafiadores da trajetória da Gol. Em meio a uma recuperação judicial que busca reduzir drasticamente seu endividamento, a empresa aposta na capitalização como forma de manter-se operacional, honrar compromissos estratégicos e garantir sua presença em um dos mercados mais competitivos da aviação global.
Os próximos passos dependerão da aprovação dos acionistas e do andamento do processo de reestruturação no exterior. O mercado acompanha com atenção os desdobramentos dessa que promete ser uma das maiores reviravoltas corporativas do setor aéreo brasileiro.