Conviver com um gato é uma experiência cheia de afeto, companheirismo e momentos engraçados. Mas, vez ou outra, surge uma dúvida: será que o gato transmite doenças para os humanos?
Essa preocupação, embora compreensível, é cercada de mitos e exageros. A verdade é que, como qualquer animal doméstico, o gato pode sim ser vetor de algumas zoonoses — doenças que passam de animais para pessoas — mas os riscos são bastante controláveis com higiene e cuidados simples.
Neste artigo, vamos explorar as principais doenças que podem ser transmitidas por gatos, explicar como ocorre essa transmissão, quem deve ficar mais atento e, o mais importante, como prevenir qualquer tipo de contaminação. A ideia aqui não é gerar medo, mas sim informação de qualidade para que a convivência entre humanos e felinos continue segura, saudável e harmoniosa.
O que são zoonoses e como o gato pode se envolver
Zoonoses são enfermidades causadas por vírus, bactérias, parasitas ou fungos que conseguem “pular” de animais para humanos. Gatos, assim como cães e até aves, podem carregar alguns desses agentes, geralmente sem apresentar sintomas. No entanto, para que a transmissão ocorra, é preciso um contato direto com fezes, saliva, arranhões ou mordidas, ou ainda com superfícies contaminadas.
Na maioria dos casos, o risco aumenta quando o gato tem acesso à rua, não recebe cuidados veterinários regulares ou está em contato com outros animais infectados. Gatos bem cuidados, vacinados e criados dentro de casa representam risco praticamente nulo de transmitir qualquer doença.
Principais doenças que podem ser transmitidas por gatos
Embora raras em gatos domésticos bem tratados, algumas doenças podem ser transmitidas em situações específicas. Veja quais são as principais:
Toxoplasmose:
Talvez a mais famosa quando se fala de gatos e doenças. A toxoplasmose é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, presente nas fezes de gatos infectados. No entanto, o contágio humano costuma ocorrer mais por carne crua ou legumes mal lavados do que pelo gato em si. Para a infecção acontecer via felino, seria necessário manusear as fezes infectadas e não higienizar as mãos — uma condição evitável com higiene básica.
Doença da arranhadura do gato:
Causada pela bactéria Bartonella henselae, pode ser transmitida por arranhões profundos ou mordidas. Os sintomas incluem febre leve, gânglios inchados e mal-estar. É mais comum em gatos de rua ou em ambientes com muitos animais. Com corte limpo e cuidados, os riscos são mínimos.
Esporotricose:
Infecção causada por fungos do gênero Sporothrix, comum em ambientes úmidos e com matéria orgânica. A transmissão ocorre por arranhões de gatos infectados. Embora rara em gatos domésticos, tem maior incidência em felinos de rua e em regiões tropicais.
Raiva:
Apesar de ser uma doença temida, a raiva em gatos é extremamente rara no Brasil devido à vacinação obrigatória. Ainda assim, a transmissão ocorre por mordidas de animais infectados. Gatos vacinados não representam risco.
Teníase e outros vermes intestinais:
O contato com fezes contaminadas pode, teoricamente, permitir a infecção por vermes. Por isso, limpar a caixa de areia com luvas e lavar as mãos é mais do que suficiente para evitar qualquer contágio.
Quem está mais vulnerável às zoonoses felinas?
Nem todo mundo está exposto da mesma forma aos agentes que os gatos eventualmente possam carregar. Pessoas com o sistema imunológico fragilizado — como pacientes com HIV, idosos, grávidas e crianças pequenas — precisam redobrar os cuidados com higiene.
É importante lembrar, porém, que isso não significa que essas pessoas devam evitar o convívio com gatos. Pelo contrário: com os cuidados certos, os benefícios emocionais e afetivos superam amplamente os riscos. Consultar um médico veterinário e seguir as orientações de um médico clínico em casos de imunossupressão é sempre o melhor caminho.
Como prevenir a transmissão de doenças entre gatos e humanos
Felizmente, a prevenção é simples e altamente eficaz. Medidas básicas de higiene e acompanhamento veterinário regular já garantem uma convivência tranquila com seu bichano.
Higiene da caixa de areia:
Limpe a caixa diariamente com luvas e descarte as fezes corretamente. Lave as mãos após o contato e nunca manuseie fezes diretamente.
Vacinação e vermifugação em dia:
Manter o calendário de vacinação e controle de parasitas garante que o gato esteja saudável e sem risco de transmissão.
Evite contato com gatos de rua:
Animais de rua não têm acompanhamento veterinário e podem carregar diversas doenças. Não permita que seu gato doméstico interaja com gatos de fora.
Corte de unhas e escovação regular:
Unhas curtas reduzem os riscos de arranhões acidentais. A escovação também ajuda a perceber eventuais feridas ou infecções.
Alimentação saudável e ambiente limpo:
Gatos bem alimentados têm sistema imune mais forte. Evite dar carne crua ou restos de comida humana.
O gato é mesmo um risco? Verdades e mitos
Muita gente ainda acredita que ter gato em casa é um risco para a saúde, especialmente para grávidas. Esse mito da toxoplasmose já foi derrubado pela ciência: o risco de uma grávida pegar toxoplasmose de um gato doméstico é baixíssimo — mais comum é o contágio por verduras mal lavadas ou carne mal cozida.
Outro mito é que o gato “carrega doença na saliva”. Embora a saliva possa conter bactérias, a chance de infecção por uma lambida ocasional é insignificante, a menos que haja feridas abertas ou falha no sistema imune.
A convivência com gatos é segura, saudável e traz inúmeros benefícios emocionais e psicológicos. O segredo está no cuidado mútuo.
Gatos e saúde mental: Benefícios comprovados
Se por um lado há receio de doenças, por outro, os efeitos terapêuticos dos gatos são amplamente documentados. Estudos mostram que a presença de felinos reduz o estresse, ajuda no tratamento de ansiedade e até auxilia em processos de luto ou depressão. O ronronar do gato, por exemplo, tem efeito calmante no cérebro humano.
Esses benefícios tornam a convivência com gatos não só segura, mas também desejável para muitas famílias. Quando bem cuidados, os gatos são companheiros incríveis e trazem equilíbrio emocional para o ambiente doméstico.
Convivência segura com informação de qualidade
Gatos não são vilões e não são bombas biológicas ambulantes. A ideia de que todo gato transmite doença é equivocada e injusta com um dos animais de estimação mais carinhosos que existem. Com vacinação, vermífugo, higiene e bom senso, os riscos de contágio são extremamente baixos.
Conhecimento é o que transforma medo em responsabilidade. Se você ama seu gato e cuida dele com carinho, pode ficar tranquilo: a convivência é saudável para todos — inclusive para a sua saúde mental. E se ainda restar alguma dúvida, o médico veterinário é o seu melhor aliado nessa relação.
Com 25 anos de experiência no jornalismo especializado, atua na produção de conteúdos de arqueologia, livros, natureza e mundo.