Uma pesquisa recente realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a QuestionPro trouxe à tona o impacto financeiro que os materiais escolares e livros representam para as famílias brasileiras. O levantamento, que ouviu 1.461 pessoas entre os dias 2 e 4 de dezembro, revelou que os custos anuais relacionados à educação comprometem o orçamento de 85% das famílias com crianças em idade escolar. Esse dado reflete uma dura realidade: os gastos no setor somam aproximadamente R$ 49,3 bilhões por ano, um aumento expressivo de 43,7% nos últimos quatro anos.
Entre as famílias de classe média, o peso dos custos escolares é ainda mais significativo. O presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, destaca que 95% dessas famílias afirmam que o orçamento familiar fica comprometido. “Mais do que uma despesa, esses gastos representam um esforço para investir em educação,” enfatiza Meirelles. Esse cenário é especialmente crítico para aqueles que mantêm os filhos em escolas particulares, onde os custos com mensalidades se somam às despesas com materiais.
Projeções baseadas no índice de Potencial de Consumo (IPC) do Instituto Locomotiva apontam que as classes B e C concentram a maior parte do consumo de livros e materiais escolares no país. Enquanto a classe B movimenta cerca de R$ 20,3 bilhões anuais, a classe C registra um total de R$ 17,3 bilhões.
O potencial de consumo também revela diferenças regionais significativas. O Sudeste lidera o gasto com materiais escolares, respondendo por 46% do total nacional, o que equivale a R$ 23,2 bilhões anuais. Em seguida, aparecem as regiões Nordeste (R$ 13,8 bilhões), Sul (R$ 6,1 bilhões), Centro-Oeste (R$ 4,0 bilhões) e Norte (R$ 2,6 bilhões).
Essa desigualdade evidencia a concentração de renda e oportunidades nas regiões mais desenvolvidas economicamente, enquanto famílias do Norte e Centro-Oeste enfrentam desafios ainda maiores para equilibrar o orçamento e garantir a educação dos filhos.
A pesquisa também revelou que 9 em cada 10 brasileiros já começaram a se planejar para as compras de materiais escolares deste ano. Entre os pais de crianças matriculadas em escolas particulares, esse índice sobe para 96%. Já entre os pais de alunos de escolas públicas, o percentual é de 90%. Esses dados indicam uma conscientização crescente sobre a importância do planejamento financeiro para lidar com essa despesa recorrente.
Entre as famílias que pretendem realizar compras para 2025, 87% afirmaram que adquirirão materiais escolares, enquanto 72% planejam comprar uniformes e 71% livros didáticos. Esses itens continuam sendo considerados indispensáveis para a experiência educacional.
O levantamento também mostrou diferenças significativas nas formas de pagamento entre as classes sociais. Enquanto 65% dos entrevistados afirmaram que pretendem pagar à vista, 1/3 das famílias planeja parcelar as compras. O pagamento à vista é mais comum entre as classes A e B, com 71% aderindo a essa opção, enquanto o parcelamento tem maior adesão na classe C, onde 39% afirmam que dividirão os custos.
Essa disparidade reflete as diferenças no poder aquisitivo e na disponibilidade de recursos financeiros entre as classes. Para muitas famílias de menor renda, o parcelamento é a única alternativa viável para garantir os materiais escolares necessários para o ano letivo.