Neste ano, os arqueólogos do Museu de Bergen, na Noruega, fizeram uma descoberta fascinante relacionada a história dos viking. Durante uma reavaliação do sítio arqueológico de Myklebustgarden, mais de um século após sua primeira exploração, foi encontrada uma cápsula do tempo contendo uma carta de amor, cinco moedas e um cartão de visita dentro de uma garrafa de vidro.
O sítio de Myklebustgarden é conhecido por ser o local onde foi descoberto o navio viking Myklebust, o maior já encontrado, com impressionantes 30 metros de comprimento. Essa embarcação foi identificada como parte de rituais funerários vikings datados de aproximadamente 860 d.C. Enterrada na costa de Nordfjordeid, a região tem fornecido indícios importantes sobre as tradições culturais e as práticas dos antigos nórdicos.
As escavações conduzidas por Lorange em 1874 trouxeram à tona vários artefatos de inestimável valor histórico, mas a recente descoberta da cápsula do tempo adiciona uma camada humana às narrativas arqueológicas. O navio Myklebust não era apenas um símbolo de poder militar, mas também um marco das interações culturais entre os vikings e outras regiões da Europa Ocidental.
Entre os itens encontrados na garrafa, a carta é o destaque. Ela não apenas descreveu o processo de escavação liderado por Lorange, mas também corrigiu alguns erros de inventário do arqueólogo. Por exemplo, enquanto Lorange mencionava 26 escudos vikings no navio, estudos posteriores revelaram a existência de 44. Essa discrepância sugere que parte das informações foi omitida ou mal documentada, talvez devido à limitada comunicação com os trabalhadores locais que participaram das escavações.
Outro item significativo foi o cartão de visita de Lorange, com uma mensagem codificada que, ao ser traduzida por especialistas em runas, revelou-se uma declaração de amor para Emma Gade, sua futura esposa. Essa descoberta adiciona uma dimensão pessoal ao legado de Lorange, demonstrando que mesmo no contexto de grandes realizações históricas, as relações humanas permanecem no centro.
Ou seja, os itens desta cápsula do tempo não estão relacionados aos vikings diretamente, mas ao arqueólogo que descobriu e trabalhou neste sítio vikings, há mais de 150 anos.
O terceiro artefato de relevância foi um vaso de bronze do século 8, que os especialistas acreditam ter sido saqueado de uma igreja ou mosteiro na Irlanda. Esse item, omitido nos registros originais de Lorange, destaca as conexões dos vikings com outras regiões da Europa e reforça a narrativa de que pilhagens e trocas culturais eram práticas comuns entre eles.
A descoberta da cápsula do tempo traz impactos significativos não apenas para a história do Museu de Bergen, mas também para o campo da arqueologia como um todo. Para o museu, o achado é um marco que enriquecerá as comemorações do seu 200º aniversário, programadas para 2025. Os itens encontrados, incluindo a carta, as moedas, o cartão de visita e o vaso de bronze, serão exibidos em uma exposição dedicada à rica história do sítio de Myklebustgarden.
Mais do que objetos, a descoberta ilustra a importância de revisitar locais históricos com novas tecnologias e perspectivas. Também coloca em evidência as práticas arqueológicas do século 19, contrastando-as com as abordagens modernas. O trabalho de Lorange, mesmo com suas limitações, continua sendo um testemunho da paixão e dedicação necessárias para desvendar o passado.