A China anunciou, nesta segunda-feira (3), a suspensão das compras de carne bovina de três frigoríficos brasileiros, alegando o não cumprimento de requisitos sanitários exigidos pelo país.
A decisão foi tomada pela Administração-Geral de Aduanas da China (GACC) após auditorias remotas realizadas em estabelecimentos exportadores do Brasil, Argentina, Uruguai e Mongólia.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) informou que já iniciou diálogos com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e as autoridades chinesas para garantir uma resolução rápida da questão e a retomada das exportações.
Frigoríficos afetados pela suspensão
No Brasil, as três unidades impactadas pela medida são:
- JBS, localizada em Mozarlândia (GO);
- Frisa, em Nanuque (MG);
- Bon Mart, em Presidente Prudente (SP).
As empresas já foram notificadas e estão tomando as providências necessárias para atender às exigências das autoridades chinesas. A Frisa declarou que a Abiec está atuando em nome do setor para tratar do assunto.
Contexto da suspensão e auditorias chinesas
A auditoria remota conduzida pela GACC envolveu não apenas três frigoríficos brasileiros, mas também dois estabelecimentos na Argentina, um no Uruguai e um na Mongólia. As inspeções avaliaram a conformidade dos padrões sanitários exigidos para a importação de carne bovina e ovina.
Segundo a Abiec, foram identificadas não conformidades em relação aos critérios de registro de estabelecimentos estrangeiros exigidos pelo governo chinês. Com isso, as importações desses frigoríficos foram temporariamente suspensas, seguindo as regulamentações vigentes na China.
Impacto para o setor e a relação comercial Brasil-China
A China é o maior importador de carne bovina do Brasil, representando mais de 40% das exportações do setor. Em 2024, o Brasil exportou 1,3 milhão de toneladas de carne bovina para o mercado chinês, movimentando bilhões de dólares.
Embora a suspensão atinja apenas três frigoríficos, a medida gera preocupação entre produtores e exportadores, pois pode sinalizar maior rigor das autoridades chinesas nas inspeções sanitárias. A China já havia adotado restrições em outras ocasiões, incluindo embargos temporários devido a casos atípicos da doença da vaca louca.
Resposta do governo e da indústria
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) ainda não se manifestou oficialmente sobre a decisão chinesa, mas, segundo a Abiec, diálogos já estão em andamento para solucionar rapidamente as questões levantadas pela GACC.
A entidade destacou que os demais estabelecimentos habilitados continuam operando normalmente, garantindo a continuidade do fluxo de exportação de carne bovina para o mercado chinês.
Além disso, reforçou a confiança na robustez do controle sanitário brasileiro, que segue os mais altos padrões internacionais.
A Abiec também destacou que as empresas afetadas estão adotando medidas corretivas para atender às exigências das autoridades chinesas o mais rápido possível. Esse processo pode envolver a implementação de novos protocolos sanitários, ajustes em processos de rastreabilidade e reforço nas auditorias internas.
Possíveis consequências para o mercado de carnes
A decisão da China pode ter impactos diretos e indiretos no setor agropecuário brasileiro:
- Redução temporária do volume exportado: Dependendo da duração da suspensão, as empresas afetadas podem precisar redirecionar sua produção para outros mercados.
- Pressão sobre preços internos: Com menor exportação, pode haver aumento da oferta no mercado doméstico, influenciando os preços da carne bovina no Brasil.
- Reforço em padrões sanitários: A medida deve impulsionar frigoríficos a investirem ainda mais em certificações e controles de qualidade para evitar novas suspensões.
- Impacto na relação comercial Brasil-China: Embora seja uma ação pontual, a suspensão reforça a necessidade de alinhamento contínuo entre os dois países para evitar entraves no comércio.
Expectativas para resolução da suspensão
Com a rápida mobilização do setor e das autoridades brasileiras, a expectativa é que o problema seja resolvido em curto prazo. Em ocasiões anteriores, embargos temporários foram revertidos após negociações e ajustes nos protocolos sanitários exigidos pelo governo chinês.
Os frigoríficos afetados seguirão os trâmites para reverter a suspensão e retomar as exportações. O setor agropecuário brasileiro, atento ao desdobramento da situação, trabalha para manter a parceria estratégica com a China, garantindo a continuidade e expansão das exportações de carne bovina para o país asiático.