O Pix, criado para ser sinônimo de agilidade e praticidade no dia a dia financeiro do brasileiro, entrou oficialmente na mira dos golpistas
Em 2024, as fraudes envolvendo esse sistema bateram um recorde nada invejável: prejuízos que ultrapassam R$ 4,9 bilhões, conforme dados recentes do Banco Central. O número representa um salto de 70% em relação ao ano anterior e levanta um sinal de alerta sobre a segurança digital no Brasil.
A rapidez com que o Pix conquistou os brasileiros também tem seu lado sombrio. Se por um lado ele revolucionou a forma como fazemos transferências, por outro, sua popularização tornou-o terreno fértil para cibercriminosos. E a criatividade dos golpistas, infelizmente, não tem limites.
Em 2023, os prejuízos com fraudes no Pix giravam em torno de R$ 2,9 bilhões. Em 2024, o valor disparou para R$ 4,9 bilhões. A explosão de crimes digitais revela que, à medida que o sistema se consolida, a vulnerabilidade dos usuários também cresce. E, claro, os criminosos estão cada vez mais sofisticados.
Como os golpistas agem?
A engenharia dos golpes envolve diferentes técnicas, que vão desde truques antigos até vírus de última geração:
- Phishing: envio de mensagens falsas por SMS, e-mail ou redes sociais com links que levam a sites maliciosos;
- Engenharia social: manipulação psicológica para enganar a vítima e obter senhas ou dados bancários;
- Malwares: programas maliciosos que se infiltram no celular da vítima, capturam informações e, em alguns casos, fazem transferências automaticamente.
Um dos golpes mais alarmantes hoje é o uso de malwares especialmente criados para dispositivos com sistema Android, que, aliás, representam mais de 85% dos smartphones em uso no país. Esses vírus agem silenciosamente, acessam o app bancário da vítima e, em poucos minutos, esvaziam a conta.
O crescimento dessa modalidade de ataque acende o alerta para a necessidade urgente de proteção digital, tanto por parte dos usuários quanto das instituições financeiras.
A resposta do Banco Central: o Mecanismo Especial de Devolução (MED)
Diante da escalada de fraudes, o Banco Central lançou uma iniciativa para tentar amenizar os danos: o Mecanismo Especial de Devolução (MED). Trata-se de um processo que permite reaver os valores perdidos em golpes, desde que algumas condições sejam cumpridas.
Como funciona o MED?
O processo é composto por quatro etapas:
- Registro da reclamação
A vítima deve notificar o banco em até 80 dias após o golpe. - Análise inicial
Se os indícios de fraude forem confirmados, o banco pode bloquear preventivamente os valores da conta que recebeu o Pix. - Investigação
A instituição tem sete dias para investigar o caso. Caso a fraude seja comprovada, o valor é devolvido (parcial ou integralmente) em até 96 horas, conforme o saldo disponível. - Falhas operacionais
O MED também cobre erros como transferências duplicadas, com devolução em até 24 horas.
O MED, apesar de ser um avanço, não é infalível. Se o dinheiro transferido já tiver sido sacado ou redirecionado para outras contas, as chances de recuperação são mínimas. Além disso, o sucesso da operação depende da cooperação entre os bancos envolvidos.
Novas regras para o Pix em 2024
Em março deste ano, o Banco Central endureceu as regras de segurança. Agora, os bancos são obrigados a cruzar os dados das chaves Pix com os registros da Receita Federal. Se forem encontradas inconsistências no CPF ou CNPJ, a chave deve ser excluída do sistema imediatamente.
O descumprimento pode gerar multas de até R$ 50 mil por infração.
Essa medida tem como objetivo principal desestimular o uso de documentos falsos — artifício comum entre quadrilhas especializadas em fraudes.
Quem são os alvos preferenciais dos golpistas?
Embora ninguém esteja imune, certos perfis são mais vulneráveis:
- Idosos: têm menor familiaridade com tecnologia e caem mais facilmente em armadilhas;
- Jovens: principalmente os ativos em redes sociais, são bombardeados por links maliciosos;
- Pequenos empreendedores: que recebem Pix constantemente e podem ser enganados com comprovantes falsos.
Como se proteger dos golpes com Pix?
A prevenção é a chave. E algumas atitudes simples fazem toda a diferença:
- Verifique os dados antes de concluir a transferência: desconfie de alterações de última hora;
- Nunca clique em links suspeitos: principalmente os enviados por SMS, WhatsApp ou e-mails desconhecidos;
- Ative a autenticação em dois fatores: é uma camada extra de segurança essencial;
- Mantenha seu celular protegido: use antivírus, não baixe apps fora das lojas oficiais e mantenha o sistema sempre atualizado.
O papel dos bancos na guerra contra os golpes
Além de adotar o MED, espera-se que os bancos ampliem o investimento em tecnologia e educação financeira. Algumas instituições já utilizam inteligência artificial para identificar movimentações atípicas e suspender transferências automaticamente.
Mas, ainda é pouco. É preciso ir além: campanhas de conscientização, sistemas de alerta em tempo real e cooperação com autoridades são medidas que precisam se tornar padrão.
Se isso acontecer, o ideal é agir rápido. Veja o passo a passo:
- Comunique o banco imediatamente;
- Solicite análise via MED;
- Registre um boletim de ocorrência;
- Acompanhe o processo com atenção.
O banco tem até sete dias para investigar o caso e, se for identificado indício de fraude, efetuar a devolução.
Fraudes com Pix: um problema que veio para ficar?
O Pix é um sistema inovador, mas está sendo posto à prova pela criatividade dos criminosos. Por isso, além de ajustes técnicos e regras mais rígidas, o Brasil precisa construir uma verdadeira cultura de segurança digital.
Em tempos de cibercrime em alta, estar atento é mais do que um cuidado, é uma necessidade.
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