Foz do Iguaçu lidera debate global de energia limpa no G20

Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, tornou-se o epicentro dos debates globais sobre transição energética e sustentabilidade ao sediar, a partir desta segunda-feira (30), a reunião ministerial do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20.

A cidade é a única não capital brasileira a receber um evento do G20 em 2023, um reconhecimento ao seu papel de destaque no cenário energético mundial, especialmente por abrigar a usina hidrelétrica de Itaipu Binacional, uma das maiores geradoras de energia renovável do mundo.

O encontro, que se estenderá até a próxima sexta-feira (4), reúne ministros de energia das maiores economias do planeta, além de líderes e especialistas do setor. A pauta central envolve o desenvolvimento de políticas públicas para acelerar a transição energética, a expansão das fontes renováveis e o uso de tecnologias limpas como forma de combater as mudanças climáticas e promover um futuro mais sustentável.

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A escolha de Foz do Iguaçu como cidade-sede para essa reunião específica do G20 não foi aleatória. A cidade paranaense abriga a Itaipu Binacional, um símbolo de cooperação internacional e referência global em energia limpa. A usina, uma das maiores hidrelétricas do mundo, fornece cerca de 10% da energia consumida no Brasil e impressionantes 80% da energia utilizada no Paraguai, consolidando-se como um exemplo de sustentabilidade e eficiência energética.

Além de Itaipu, o Paraná se destaca por sua matriz energética predominantemente renovável, com mais de 98% da energia gerada no estado proveniente de fontes como hidrelétricas, biomassa e solar. Essa característica torna a região um modelo a ser seguido em termos de sustentabilidade e gestão ambiental, fatores que a colocaram no centro das discussões sobre o futuro energético global.

Com o intuito de fomentar um diálogo internacional sobre políticas energéticas sustentáveis, a reunião do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20 conta com a participação de ministros e secretários de energia das principais economias do mundo. O evento é presidido pelo ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira, e a Itaipu Binacional desempenha um papel de anfitriã e exemplo prático de como o uso inteligente dos recursos naturais pode resultar em benefícios econômicos e ambientais.

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Entre os temas discutidos estão:

  • Políticas de transição energética: Estratégias para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e acelerar a implementação de fontes renováveis como eólica, solar e hidrelétrica.
  • Inovações tecnológicas: Exploração de novas tecnologias para a produção e armazenamento de energia limpa, como hidrogênio renovável e biogás.
  • Economia de baixo carbono: Discussões sobre como as economias globais podem se adaptar a um modelo de desenvolvimento sustentável, com menor emissão de carbono e impacto ambiental reduzido.

O evento em Foz do Iguaçu também faz parte da preparação para a cúpula do G20, que será realizada em novembro em Belém, no Pará. Ao todo, 15 cidades brasileiras receberão encontros ligados ao bloco, reafirmando a posição do Brasil como protagonista nas discussões sobre sustentabilidade e transição energética.

Durante a semana, Foz do Iguaçu sedia, além da reunião do G20, outros importantes eventos globais voltados para o setor de energia. Entre eles, destacam-se:

  • Clean Energy Ministerial (CEM): Um fórum global que reúne representantes de governos, empresas e organizações internacionais para compartilhar experiências de sucesso no desenvolvimento de tecnologias limpas e discutir políticas de energia de baixo carbono.
  • Mission Innovation (MI): Iniciativa voltada para o avanço de inovações tecnológicas e regulatórias no setor energético, com foco na colaboração internacional para acelerar a transição para uma economia sustentável.
  • Congresso Mundial do Biogás: Evento que explora o potencial da bioenergia como fonte limpa e renovável, debatendo estratégias para maximizar a utilização do biogás e sua contribuição para a matriz energética global.

Esses encontros paralelos reforçam a importância de Foz do Iguaçu e do Paraná como centros de referência em energia limpa, mostrando ao mundo como políticas integradas podem transformar a realidade energética e impulsionar a sustentabilidade.

O Paraná tem se consolidado como o estado mais sustentável do Brasil por quatro anos consecutivos, segundo o Ranking de Competitividade dos Estados. Com uma matriz energética composta por mais de 98% de fontes renováveis, o estado se destaca por seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e a preservação ambiental.

Entre os programas de destaque, está o Paraná Energia Rural Renovável (RenovaPR), que incentiva a geração distribuída de energia elétrica a partir de fontes como biomassa e energia solar. O programa oferece condições favoráveis de financiamento para produtores rurais investirem em energias limpas, promovendo a autossuficiência energética e a redução de custos no campo.

Outra iniciativa importante é a adesão do Paraná à Rede Mundial Oceano Limpo, que busca proteger e preservar os ecossistemas marinhos e costeiros. O compromisso do estado com a sustentabilidade se estende ainda ao controle da pesca e à preservação dos recursos hídricos, com novas portarias que estabelecem restrições para a pesca durante períodos de estiagem prolongada.

O Grupo dos 20 (G20) é formado pelas principais economias do mundo, representando cerca de 85% do PIB global, mais de 75% do comércio internacional e 66% da população mundial. O bloco desempenha um papel crucial na formulação de políticas globais, especialmente no que se refere ao desenvolvimento sustentável e ao combate às mudanças climáticas.

O encontro em Foz do Iguaçu acontece em um momento crítico, no qual os países membros buscam acelerar a transição energética e reduzir as emissões de gases de efeito estufa, em linha com os objetivos do Acordo de Paris. As discussões incluem medidas para fomentar a inovação, o desenvolvimento de infraestrutura verde e o fortalecimento da cooperação internacional para enfrentar os desafios impostos pelo aquecimento global.

Além do Brasil, outros países do G20, como Alemanha, China e Estados Unidos, têm se destacado no desenvolvimento de políticas e tecnologias voltadas para a sustentabilidade. O diálogo entre essas nações é essencial para alinhar estratégias e definir metas globais que possam ser alcançadas de maneira conjunta.