As informações completas sobre a morte do fisiculturista Valter de Vargas Aita, foram divulgadas nesta quarta-feira, após o fim da investigação
A Delegacia de Homicídios – DH da Polícia Civil de Chapecó finalizou a investigação sobre a morte de Valter de Vargas Aita, o fisiculturista, de 41 anos, vítima de crime extremamente brutal, ocorrido em 7 de setembro de 2025.
Conforme ampla repercussão do caso nos dias que se seguiram ao crime, o corpo da vítima foi encontrado caído completamente nu e totalmente ensanguentado na escada do prédio onde ele morava, localizado no centro de Chapecó.
Segundo a polícia a investigação teve início imediatamente após o crime, com diversas diligências policiais e periciais, sendo que nos mais de vinte dias que se seguiram ao fato foram ouvidas várias testemunhas e analisados elementos de prova obtidos de forma técnica. A conclusão da investigação aponta sem sombra de dúvida a prática de crime de homicídio duplamente qualificado, pelo motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima.
As constatações decorrem do exame de necropsia na vítima, exame de lesão corporal na autora, perícia na arma do crime e exame do local do crime demonstram que a vítima foi morta com múltiplos golpes de uma faca de cozinha grande, bem como rechaçam qualquer possibilidade de legítima defesa no caso.
De acordo com o relatório divulgado pela polícia, a vítima teria sido surpreendida com uma facada profunda na região jugular do pescoço, e que se seguiu de diversos outros golpes na região da nuca, cabeça, rosto, braços, pernas, tórax (estes com provocação de hemopneumotórax), bem como na região do abdômen inclusive com exposição de vísceras em virtude de corte profundo.
Tudo indica que a primeira facada na região jugular (já mortal) foi desferida de surpresa, enquanto a vítima ainda estava acordando, inviabilizando qualquer possibilidade de defesa inicial, mesmo para um homem com porte físico atlético e significativamente maior que a agressora.
Ao menos três dos mais de dez ferimentos decorrentes do esfaqueamento podem ser considerados “potencialmente letais”, ou seja, cada um deles poderia ter causado a morte da vítima por si só, independentemente do advento de outros golpes.
O exame médico no cadáver revelou lesões decorrentes de arranhadura e mordedura humana, assim como vários cortes nas palmas e partes internas das mãos, o que evidencia que por diversas vezes a vítima tentou segurar a faca enquanto estava sendo violentamente golpeado.
Por sua vez, o exame médico realizado no corpo da autora apontou lesões levianas, sendo algumas escoriações na cabeça e destaque para um corte em uma das mãos, cuja dinâmica do delito evidencia ter ocorrido durante um dos golpes desferidos contra o companheiro.
A investigação ainda concluiu que a vítima tentou fugir do apartamento do casal mesmo já mortalmente ferido, deixando rastros de sangue pelos corredores e pela escada do prédio. Neste momento, foi visto por uma testemunha, que informou que seu rosto aparentemente intacto. Esse detalhe sugere que, após ter caído e desmaiado na escada onde foi encontrado, o homem ainda foi ferido por diversos golpes perfurantes no rosto.
A testemunha mais próxima do fato ainda afirmou que nunca ouviu brigas entre o casal, bem como não ouviu qualquer discussão no momento do crime, apenas apelos da vítima por socorro e, já no corredor, sua demonstração de surpresa e perplexidade diante do ataque da esposa: “meu Deus, por que você está fazendo isso?!”, alegou ter ouvido.
No tocante à motivação do homicídio, a equipe de investigação conseguiu obter elementos técnicos, inclusive diálogos de texto mantidos pela autora com uma amiga e vídeos feitos por ela, os quais comprovam de forma clara que o crime foi praticado por ciúmes. A autora acreditava que o companheiro estava se relacionando sexualmente com outras pessoas já há alguns meses tendo deixado claro seu desejo de matá-lo por isso.
Durante o interrogatório a autora, confirmou essa situação conjugal, sendo que a investigação descobriu um vídeo feito por ela durante uma tentativa de “flagrar” o companheiro, tendo fabricado pequenos buracos na parede do quarto pelos quais, passou a monitorá-lo enquanto ele manuseava seu aparelho celular.
Ainda gravações feitas pela própria autora e mensagens de áudio trocadas entre o casal revelam ameaças anteriores, inclusive os policiais descobriram fotos da vítima dormindo em dias anteriores ao crime, sendo que a mulher chegou a enviar a imagem ao marido para que ele soubesse que era observado.
Além disso várias mensagens enviadas pela mulher, evidenciam as ameaças, inclusive algumas finalizadas com emojis de facas.
Algumas testemunhas revelaram que o casal se casou formalmente em 2021, sendo que nesse período o comportamento da investigada sempre foi muito estranho, inclusive com manifestações explícitas de que poderia matar o companheiro.
Segundo descoberto, em certa ocasião a vítima relatou para familiares ameaças de morte proferidas pela esposa. Também ficou evidente que o casal vivia de forma bastante discreta para não tornar pública a convivência em Chapecó, eis que nem mesmo vizinhos e amigos próximos sabiam que a autora morava com a vítima.
Interrogada, a investigada alegou se recordar apenas de ter desferido três facadas no companheiro, nenhuma delas no rosto, e sustentou que apenas o fez em virtude dele ter aparecido já com a faca na mão para lhe constranger a não ir embora da residência. Apesar da grande diferença de tamanho e condição física, disse que conseguiu tomar a faca do marido na ocasião e que usou o mesmo objeto para lhe ferir.
Acrescentou que tinha conflitos com o companheiro em virtude da prática de sua religião, pois ele não gostava que ela participasse de “despachos” e outras práticas, bem como confirmou que desde março suspeitava de infidelidade conjugal por parte do companheiro.
Cabe lembrar que logo após o crime a autora foi presa em flagrante e, submetida à audiência de custódia, teve sua prisão cautelar decretada a pedido da Polícia Civil. Outrossim, na ocasião, também teve cumprido um mandado de prisão vigente contra si por envolvimento na prática de um roubo morte da vítima (latrocínio) ocorrido em 2019 no Estado do Rio Grande do Sul, em virtude do qual foi definitivamente condenada pela justiça gaúcha a uma pena de mais de 15 anos de reclusão.
A vítima era natural de Santa Maria, no Estado do Rio Grande do Sul. Personal trainer e multicampeão fisiculturista, era bastante conhecido na região de Chapecó e nas redes sociais em virtude de conquistas recentes na área deste esporte.
Caso venha a ser condenada pelo Tribunal do Júri, a autora pode receber uma pena entre 12 e 30 anos de reclusão, a qual será somada à condenação preexistente.
A Polícia Civil finalizará formalmente o inquérito policial nos próximos dias.

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