Ao longo da vida, encontramos histórias que, mesmo ficcionais, parecem atravessar a alma. Filmes que não apenas entretêm, mas provocam, despertam memórias e fazem a gente repensar quem somos, o que sentimos e como enxergamos o outro.
Aftersun (2022)
O drama dirigido por Charlotte Wells é um daqueles filmes que dizem muito mesmo quando parecem dizer pouco. Em Aftersun, acompanhamos as memórias de uma mulher adulta relembrando uma viagem de férias ao lado do pai, quando era ainda uma criança. A narrativa é conduzida com sutileza e melancolia, e vai revelando, aos poucos, uma dor profunda que só compreendemos completamente no final. A fotografia solar contrasta com as emoções sombrias, e o que fica é a certeza de que a infância é um território sagrado onde o amor e a perda se entrelaçam de maneira eterna.
Ainda Estou Aqui (2024)
No início dos anos 1970, durante o endurecimento da ditadura militar, a família Paiva vive tranquilamente no Rio de Janeiro. No entanto, a paz é quebrada quando Rubens Paiva é levado por militares e desaparece. O filme acompanha a luta de Eunice e seus filhos, que enfrentam o luto e a repressão política enquanto buscam respostas e tentam reconstruir suas vidas em tempos de opressão.
Beautiful Boy (2018)
Com atuações marcantes de Steve Carell e Timothée Chalamet, Beautiful Boy é baseado em uma história real sobre dependência química. O filme expõe, sem filtros, o sofrimento de um pai tentando salvar o filho do vício, e o desespero de um jovem lutando contra si mesmo. É um retrato cru e necessário sobre saúde mental, recaídas e o amor que persiste mesmo nos momentos mais sombrios. Uma obra essencial para refletir sobre empatia e resiliência.
As Vantagens de Ser Invisível (2012)
O longa de Stephen Chbosky é quase uma carta de amor a todos que enfrentaram a adolescência com o coração em pedaços. Charlie, o protagonista, é um jovem sensível, retraído, que encontra em novos amigos a chance de florescer. Mas o que parecia ser uma típica história sobre amizade adolescente revela traumas profundos e silenciosos. Com diálogos memoráveis e uma trilha sonora tocante, As Vantagens de Ser Invisível fala sobre dor, esperança e pertencimento de maneira única.
The Outsiders (1983)
Clássico cult dirigido por Francis Ford Coppola, The Outsiders é um retrato cru da juventude americana marginalizada nos anos 60. Baseado no livro de S.E. Hinton, o filme acompanha dois irmãos tentando sobreviver em meio à rivalidade entre gangues juvenis de diferentes classes sociais. Com um elenco estelar — que inclui Tom Cruise e Patrick Swayze — a obra é uma poderosa crítica social que continua relevante até hoje. É sobre lealdade, identidade e a dura realidade de quem nasce fora do centro.
The Quiet Girl (2022)
Este delicado filme irlandês é uma verdadeira joia do cinema recente. Em The Quiet Girl, uma menina negligenciada pelos pais é enviada para viver com parentes distantes. Lá, pela primeira vez, experimenta o que é ser cuidada, ouvida, amada. Sem grandes reviravoltas ou clichês, a trama emociona pela simplicidade, pelos gestos mínimos que gritam afeto. Uma aula de sutileza narrativa que vai direto ao coração.
Como Eu Era Antes de Você (2016)
Baseado no best-seller de Jojo Moyes, Me Before You divide opiniões, mas é inegável seu impacto emocional. A história da cuidadora Lou e do tetraplégico Will não é apenas uma narrativa romântica, mas um convite à reflexão sobre autonomia, dor e o que significa viver plenamente. O filme provoca, emociona e, principalmente, desafia o espectador a pensar sobre os limites do amor.
Young Hearts (2024)
Dirigido por Kelly Oxford, Young Hearts é um olhar moderno, direto e sensível sobre o amor adolescente. Sem recorrer a fórmulas fáceis, o filme apresenta a história de dois jovens que se descobrem em meio às pressões familiares e à formação da identidade. O roteiro bem construído e os diálogos autênticos fazem da obra um retrato fiel das inquietações da nova geração. Uma carta de compreensão aos corações em ebulição da juventude atual.
Cisne Negro (2010)
Natalie Portman entrega uma performance visceral neste thriller psicológico dirigido por Darren Aronofsky. Cisne Negro é uma descida alucinante ao inferno da obsessão. A protagonista, uma bailarina obcecada pela perfeição, mergulha em um processo de autodestruição que mescla realidade e alucinação. A estética perturbadora e a narrativa intensa fazem do filme uma experiência quase hipnótica — um alerta sobre os perigos da autoexigência levada ao extremo.
Conclusão
Estes nove filmes não apenas entretêm — eles nos desarmam. Nos fazem pensar, sentir, lembrar e, muitas vezes, mudar. São obras que nos tocam porque falam de coisas reais: perdas, amores, silêncios, traumas, recomeços. O cinema, quando bem feito, é mais que arte: é espelho. E cada uma dessas histórias é uma chance de nos vermos por outro ângulo, de tocarmos nossas dores e encontrarmos, talvez, um pouco de cura.
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