Nem todo filme é feito para relaxar no sofá com um balde de pipoca. Alguns são criados para desafiar sua mente, bagunçar suas certezas e te deixar com aquela expressão de “o que foi que eu acabei de assistir?”. Filmes que embaralham o raciocínio, provocam calafrios filosóficos e, de quebra, plantam uma pulga existencial atrás da orelha.
Ao Cair da Noite (Prime Video)
Em Ao Cair da Noite (It Comes at Night), o apocalipse não grita. Ele sussurra. Um vírus dizimou a civilização, e uma família tenta sobreviver isolada na floresta. Quando um casal e seu filho batem à porta em busca de abrigo, o que começa como solidariedade se transforma num thriller psicológico sufocante. O filme não entrega respostas fáceis. Não mostra o “monstro”. Ele cutuca o espectador com o horror que vive dentro de nós: a desconfiança, o medo do outro e os limites da empatia quando tudo colapsa.
Clímax (Imovision)
Gaspar Noé não economiza no caos. Em Clímax, um grupo de dançarinos se reúne para ensaiar numa escola afastada. Após a celebração, eles percebem que foram drogados — e o que se segue é uma descida ao inferno sem cortes. Literalmente. O filme é filmado em longos planos-sequência hipnóticos, com coreografias eletrizantes que se dissolvem num pesadelo alucinatório. É desconcertante, perturbador e… sim, impossível de desgrudar os olhos. Se a ideia é fritar o cérebro, esse é o seu prato principal.
Titane (Mubi)
Titane é daqueles filmes que ninguém deveria contar demais — e ao mesmo tempo, é impossível não comentar. A diretora Julia Ducournau mistura drama, terror e ficção científica numa história sobre uma mulher com uma placa de titânio na cabeça, uma gravidez impossível e uma relação complexa com máquinas. Tudo isso com cenas gráficas, identidade de gênero em foco e uma condução narrativa que desafia qualquer rótulo. O filme venceu a Palma de Ouro em Cannes, e não foi à toa: Titane é uma experiência visceral, desconfortável, e incrivelmente original.
Saint Maud (Prime Video)
Prepare-se para suar frio. Saint Maud é a estreia poderosa da diretora Rose Glass e mergulha na mente de Maud, uma enfermeira recém-convertida ao catolicismo que acredita ter sido escolhida por Deus para salvar a alma de uma paciente terminal. O que poderia ser apenas uma história sobre devoção se transforma numa espiral de loucura transcendental. É cinema desconcertante, onde o sagrado e o profano se chocam com violência estética. O final? Um soco.
Crimes of the Future (Mubi)
Quando David Cronenberg volta ao subgênero que ele mesmo popularizou — o body horror —, o resultado não pode ser menos do que grotescamente fascinante. Crimes of the Future se passa num futuro onde os corpos humanos estão sofrendo mutações inexplicáveis e a dor tornou-se obsoleta. Artistas performam cirurgias como se fossem shows de arte conceitual. A crítica à estética, à arte contemporânea e à industrialização da dor humana faz você repensar o conceito de beleza… e talvez o de humanidade.
Conclusão
Esses cinco filmes não estão aqui para agradar a todos. Eles não são lineares, nem leves. Mas são obras que expandem os limites do que o cinema pode ser: experiências sensoriais, filosóficas e, por vezes, brutais. Se você está disposto a sair da zona de conforto, questionar sua percepção da realidade e abraçar o estranhamento, essas produções vão mexer com sua cabeça — e talvez com seu estômago também. Então respire fundo, dê o play, e prepare-se: seu cérebro pode nunca mais ser o mesmo.
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