3 filmes para quem gosta dos livros de Franz Kafka

Franz Kafka é um dos autores mais enigmáticos da literatura mundial. Sua obra, permeada pelo absurdo, pelo existencialismo e pelo terror burocrático, ainda ressoa profundamente na cultura contemporânea. Se você aprecia a angústia kafkiana, a sensação de impotência diante de sistemas ininteligíveis e o desconforto existencial, há filmes que capturam essa essência de maneira brilhante.

1. Brasil – O Filme (1985)

Dirigido por Terry Gilliam, “Brasil – O Filme” é uma distopia ferozmente satírica que retrata um mundo dominado por uma burocracia opressiva e impiedosa. A trama segue Sam Lowry, um funcionário público que vive preso a um sistema absurdo, tentando escapar para uma realidade mais poética através de seus sonhos. No entanto, sua tentativa de liberdade o arrasta para um labirinto de processos e perseguições que evocam diretamente o pesadelo burocrático de O Processo, de Kafka.

O longa é uma crítica mordaz ao autoritarismo, à ineficiência do Estado e ao controle absoluto da vida do indivíduo por mecanismos impessoais. Assim como em O Castelo, o protagonista de “Brasil” busca desesperadamente entender e superar um sistema que parece existir apenas para esmagá-lo. A estética retro-futurista e a atmosfera de pesadelo burocrático tornam essa obra essencial para qualquer admirador do universo kafkiano.

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2. O Iluminado (1980)

A adaptação de Stanley Kubrick para o romance de Stephen King pode não ser uma escolha óbvia para essa lista, mas “O Iluminado” ressoa fortemente com a angústia existencial de Kafka. O protagonista, Jack Torrance, mergulha em uma espiral de paranoia e insanidade ao se isolar com sua família no Hotel Overlook, um espaço labiríntico que reflete o aprisionamento psicológico do personagem.

O horror não vem apenas dos elementos sobrenaturais, mas do próprio desmoronamento da psique de Jack, ecoando a transformação de Gregor Samsa em A Metamorfose. Assim como os personagens kafkianos, Jack se vê incapaz de compreender sua própria realidade, tornando-se vítima de forças que parecem escapar ao seu controle. A atmosfera opressiva, os corredores infinitos e a sensação de desamparo fazem de “O Iluminado” um filme que dialoga profundamente com a literatura de Kafka.

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3. Dogville (2003)

Dirigido por Lars von Trier, “Dogville” é uma experiência cinematográfica que leva a desconstrução narrativa ao extremo. A história acompanha Grace, uma mulher fugitiva que busca abrigo em uma pequena cidade, apenas para ser gradualmente explorada, humilhada e abusada pelos moradores locais. A trama se desenrola em um cenário minimalista, sem paredes ou estruturas visíveis, criando uma sensação de artificialidade que lembra as narrativas metafóricas de Kafka.

O destino de Grace remete diretamente ao sofrimento dos protagonistas kafkianos, que são esmagados por normas sociais implacáveis e pela perversidade da coletividade. A progressiva degradação da personagem e sua impotência diante do destino fazem de “Dogville” uma obra que poderia facilmente ser ambientada no universo de Kafka, onde a sociedade é um tribunal invisível e impiedoso.

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Conclusão

Kafka escreveu sobre o absurdo da existência, a burocracia desumana e a angústia do indivíduo diante de forças que ele jamais compreenderá. “Brasil – O Filme”, “O Iluminado” e “Dogville” capturam essa sensação de impotência e desconforto de maneiras distintas, mas igualmente impactantes. Se você se identifica com a literatura kafkiana, esses filmes são uma extensão cinematográfica perfeita do universo do autor tcheco.