Fila de benefícios do INSS cresce 91%

A fila de espera por benefícios do INSS cresceu 91% em 2025, impactando as contas públicas e levando o órgão a adotar novas medidas para reduzir os atrasos.

A fila de espera para benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) registrou um aumento expressivo no início de 2025, alcançando novos recordes que podem impactar as contas públicas ao longo do ano.

Em abril, havia 2,678 milhões de requerimentos pendentes para benefícios como aposentadorias, pensões, licença maternidade, e benefícios por incapacidade e assistenciais. Comparado ao mesmo mês de 2024, quando o número era de 1,4 milhão, houve um aumento de 91%. O maior número foi registrado em março deste ano, com 2,707 milhões de pedidos.

A maior parte da fila está relacionada a benefícios por incapacidade (48%), seguidos pelos assistenciais (24%) e aposentadorias (17%).

Segundo a XP Investimentos, o pagamento dos valores em atraso para 1,3 milhão de requerimentos representaria um impacto de R$ 6 bilhões. O custo total anual, considerando o pagamento a esse número de beneficiários, seria de aproximadamente R$ 27 bilhões, embora, com a aprovação de apenas uma parte dos pedidos, esse valor anual deve se estabilizar em torno de R$ 14 bilhões.

De acordo com o relatório da IFI (Instituição Fiscal Independente), o aumento da fila pode ser parcialmente explicado pela greve dos médicos peritos, que ocorreu entre agosto do ano passado e abril deste ano. A IFI acredita que, com o fim da greve, o ritmo de concessão de benefícios poderá acelerar.

Em abril, por exemplo, a análise de pedidos (1,072 milhão) superou a entrada de novos requerimentos (1,062 milhão), o que resultou em uma redução na fila em comparação ao mês anterior.

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A IFI projeta um aumento na despesa previdenciária de R$ 16 bilhões, além do valor de R$ 1,015 trilhão previsto no Orçamento de 2025. Este valor leva em consideração o ritmo de crescimento dos benefícios até dezembro de 2024.

Valdir Moysés Simão, advogado e ex-presidente do INSS, explica que parte do aumento da fila é devido a uma mudança na estratégia do INSS. A implementação do sistema online Atestmed, que dispensava a perícia presencial, foi uma tentativa de modernizar a avaliação médica, mas devido ao aumento de pedidos e concessões, o INSS voltou a realizar a perícia para alguns casos de auxílio-doença.

Simão também apontou que, com as filas longas, o INSS pode acabar pagando benefícios por períodos em que os segurados já estariam aptos a trabalhar, o que resulta em prejuízos para o sistema.

Carlos Vinicius Lopes, dirigente do Sindisprev-Rio, acredita que a falta de servidores é o principal problema. Ele também apontou falhas nos sistemas da Dataprev, que não estão conseguindo atender à demanda. Além disso, ele mencionou duas greves ocorridas no ano passado: uma dos servidores administrativos, que durou 80 dias, e a dos peritos médicos, que durou mais de 230 dias, impactando significativamente a fila de pedidos.

Para tentar reduzir a fila, o INSS publicou uma portaria esta semana que estabelece um pagamento de até R$ 17,1 mil para servidores do órgão. Esse pagamento será destinado a quem ajudar a liberar os pedidos de aposentadoria, pensões e outros benefícios, além de revisar o BCP (Benefício de Prestação Continuada). O valor de R$ 68 será pago por cada tarefa cumprida, com o total podendo chegar a R$ 17 mil, desde que o servidor cumpra as metas estabelecidas pelo INSS.

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A fila de espera para benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) registrou um aumento expressivo no início de 2025, alcançando novos recordes que podem impactar as contas públicas ao longo do ano.

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