Uma família francesa passou por momentos de puro desespero quando o veleiro em que viajavam foi atacado e afundado por um grupo de orcas no Atlântico, próximo à costa de Portugal. O incidente ocorreu no dia 10 de outubro e deixou o casal Adrien Deparis, sua companheira e as duas filhas pequenas à deriva por horas, até que foram salvos por pescadores locais.
A embarcação, que havia partido de Mayenne, dava início a uma expedição pelo oceano planejada há cerca de um ano. De acordo com o relato de Adrien à emissora francesa BFMTV, o ataque começou por volta das 18h, quando sete orcas cercaram o barco e passaram a atingi-lo violentamente com as cabeças e caudas. Os impactos se concentraram no leme e na parte inferior da estrutura, comprometendo rapidamente o sistema de direção.
“Foi tudo muito rápido. Elas batiam com força, uma atrás da outra. Quando vi a cabine enchendo de água, percebi que o barco não ia resistir”, relatou o francês. O grupo acionou os guardas costeiros de Portugal, que enviaram um helicóptero e uma embarcação para o resgate, mas as orcas permaneceram atacando por cerca de 40 minutos antes de desaparecerem.
Durante o caos, o bote salva-vidas se desprendeu e Adrien precisou mergulhar para recuperá-lo, tentando manter a calma das filhas enquanto aguardavam socorro. Após várias horas à deriva, um barco de pesca local os encontrou e os levou em segurança até a costa. “Foi doloroso ver nosso barco afundar, mas o alívio de estarmos vivos supera qualquer perda”, declarou emocionado.
O episódio reacendeu o debate entre cientistas e ambientalistas sobre o comportamento das orcas ibéricas, conhecidas por interagir com embarcações nas regiões de Portugal e Espanha. Pesquisadores afirmam que esses encontros não representam ataques intencionais, mas sim comportamentos de curiosidade ou aprendizado coletivo.
Segundo Christine Grandjean, presidente da associação francesa C’est Assez!, os animais “não demonstram agressividade nem intenção de ferir”, e até hoje não há registro de ataques fatais a humanos provocados por orcas. Especialistas acreditam que elas possam estar explorando o ambiente ou testando novas formas de interação com barcos, especialmente por meio do leme — uma parte sensível e móvel que desperta interesse nos animais.
Desde 2020, dezenas de incidentes semelhantes foram registrados no Atlântico, principalmente entre a Galícia e o sul de Portugal. Autoridades marítimas alertam navegadores a manter distância, evitar movimentos bruscos e acionar as equipes de resgate em caso de aproximação desses mamíferos.
Apesar do susto, a família francesa passa bem e afirmou que não desistiu de navegar. “O mar é imprevisível, mas continua sendo nossa paixão”, disse Adrien.
LEIA MAIS: Bebê morre ao ser jogado de janela, e irmã de 5 anos é suspeita



