As exportações de Santa Catarina registraram um aumento significativo de 15,7% no mês de setembro em comparação ao mesmo período do ano anterior, amenizando em parte o cenário de desaceleração das vendas externas no acumulado do ano. Até setembro, o estado somou US$ 8,56 bilhões em exportações, uma queda de 3,3% em relação ao mesmo período de 2023.
Esse desempenho reflete a dinâmica do mercado internacional, especialmente em relação às commodities, que sofreram impacto da desinflação global e da redução da demanda em importantes mercados consumidores, como a China.
Apesar do recuo nas vendas externas de produtos como carnes de aves e suínos, que são fundamentais para a balança comercial catarinense, outros setores, como o de equipamentos elétricos, conseguiram se destacar e impulsionar os números do estado.
Embora setembro tenha trazido um alívio para as vendas externas de Santa Catarina, o estado ainda enfrenta desafios no acumulado de 2024. A redução de 3,3% em relação ao ano anterior é um reflexo direto da queda nos preços de algumas das principais commodities exportadas, como soja e carnes de aves. De acordo com o economista Marcelo de Albuquerque, da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), a desinflação global e a desaceleração da economia chinesa foram os principais fatores para a retração nos valores comercializados.
“O recuo no ano reflete um cenário de desinflação global, afetando, por exemplo, os preços médios de commodities como a soja e também produtos como carnes de aves e suínos, que são os principais itens da pauta exportadora de Santa Catarina”, analisa o economista. Com o preço médio da soja apresentando uma queda de 15,1% no ano, as exportações do grão registraram um recuo de 19,3% no acumulado de 2024.
As carnes de aves, que representam 16,3% das exportações totais de Santa Catarina, tiveram uma queda de 6,4% nas vendas externas no acumulado do ano, com uma redução de 9,4% no valor por quilograma exportado. O impacto foi significativo para a balança comercial do estado, visto que esse produto possui um peso considerável na economia local.
A retração nas exportações de carnes está atrelada à queda na demanda internacional e à desvalorização dos preços, especialmente em mercados como a China. No caso da soja, que também sofreu uma baixa expressiva, a desaceleração da economia chinesa — um dos maiores compradores de commodities — amplificou o processo de queda. “A crise imobiliária que o país enfrenta e o arrefecimento econômico são fatores que contribuem para essa diminuição na demanda”, explica Albuquerque.
Se por um lado a retração em setores tradicionais como carnes e soja impactou negativamente, por outro, o crescimento das exportações de equipamentos elétricos trouxe um alento ao comércio exterior catarinense. O setor registrou um aumento de 28,3% nas vendas até setembro, favorecido pela demanda aquecida nos Estados Unidos, que segue como o principal destino dos produtos catarinenses.
Além dos equipamentos elétricos, as exportações de produtos de madeira também tiveram desempenho positivo. Madeira serrada apresentou alta de 1,2%, obras de carpintaria cresceram 8% e a madeira compensada registrou um incremento de 15,1% no ano. Esse crescimento foi impulsionado pela estabilidade do mercado norte-americano e pelo aumento da demanda em outros países da América Latina.
As importações de Santa Catarina também mostraram força ao longo do ano. No acumulado de janeiro a setembro de 2024, o estado registrou um crescimento de 16,15% nas importações, totalizando US$ 24,8 bilhões. Entre os principais produtos importados estão cobre, automóveis e pneus.
O cobre se manteve como o principal item na pauta de importações em setembro, refletindo a demanda do setor de equipamentos elétricos e construção civil. As importações de autopeças e fertilizantes também tiveram um aumento considerável no mês. Esse comportamento das importações sugere uma retomada de investimentos na indústria e em infraestrutura, mesmo em um cenário de incertezas econômicas.
Os Estados Unidos seguem como o maior destino das exportações de Santa Catarina, com um crescimento de 3% no ano e um total de US$ 1,3 bilhão em vendas. A demanda aquecida por equipamentos elétricos e produtos de madeira impulsionou esse aumento, destacando a importância do mercado norte-americano para o estado.
Por outro lado, as exportações para a China, que tradicionalmente ocupa uma posição de destaque, caíram 29% no período. O impacto da desaceleração chinesa foi sentido especialmente nos setores de soja e carnes, produtos que têm a China como um de seus principais compradores.
Em contrapartida, o México apresentou um crescimento de 9% nas importações de produtos catarinenses e se posicionou como o terceiro maior destino das exportações do estado. Isso demonstra uma diversificação nas transações comerciais e uma tentativa de reduzir a dependência em relação a mercados mais instáveis.
Do lado das importações, a China segue como o principal fornecedor para Santa Catarina, com um crescimento de 23% no ano e um total de US$ 10,6 bilhões em produtos importados de janeiro a setembro. Os Estados Unidos ocupam a segunda posição entre os maiores fornecedores, com vendas de US$ 1,7 bilhão no ano, representando um aumento de 8% frente ao mesmo período de 2023. O Chile aparece na terceira posição, com um crescimento expressivo de 25% em vendas para Santa Catarina, atingindo US$ 1,6 bilhão. Esse crescimento pode ser atribuído ao aumento da demanda por cobre, utilizado principalmente na fabricação de equipamentos elétricos.
Com a retração nas importações de produtos alimentícios pela China, o setor de alimentos e bebidas de Santa Catarina tem buscado novas parcerias comerciais. As Filipinas, por exemplo, se tornaram o maior comprador de carne suína de Santa Catarina em 2024, com importações que somaram US$ 287 milhões, um crescimento de 40,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O Japão também aumentou suas compras, passando para a segunda colocação entre os maiores compradores do produto, com importações de US$ 215 milhões.
Essa diversificação de mercados é fundamental para mitigar o impacto da retração chinesa e garantir que o estado continue a expandir suas exportações. A redução da dependência de um único mercado, como a China, também diminui a vulnerabilidade do estado frente a oscilações econômicas e políticas externas.