A recente declaração da Casa Branca sobre tarifas de até 245% sobre produtos chineses chamou a atenção de analistas e mercados internacionais
No entanto, uma análise mais detalhada revela que o número, embora impressionante à primeira vista, não se refere a uma nova ofensiva tarifária, mas sim à soma de encargos já existentes, aplicados especificamente a veículos elétricos e seringas fabricados na China.
Segundo um porta-voz da administração norte-americana, esse valor total é o resultado da junção de tarifas previamente implementadas durante os dois últimos governos.
No primeiro mandato de Donald Trump, por exemplo, foi estabelecida uma tarifa de 25% sobre veículos elétricos vindos da China. Já no ano passado, o ex-presidente Joe Biden elevou esse valor para 100%, além de aplicar a mesma alíquota a seringas importadas do país asiático.
Dessa forma, o número de 245% divulgado agora não representa uma nova ação punitiva direta, mas sim uma reinterpretação das medidas em vigor. Como explicou um assessor da Casa Branca, a administração atual apenas “decidiu somar” os encargos já aplicados, talvez com o objetivo de reforçar a percepção de endurecimento nas relações comerciais com a China — especialmente em meio ao acirramento da disputa tecnológica e geopolítica.
Apesar de os 245% divulgados se aplicarem, por ora, a apenas dois tipos de produtos, o clima nos bastidores indica que outras mercadorias podem ser afetadas em breve. Um dos exemplos mais claros está nas tarifas sobre luvas médicas de borracha, que sofrerão aumento no próximo ano.
A partir de janeiro, esses produtos também passarão a ser tarifados em 245%, elevando ainda mais as tensões entre Washington e Pequim.
A medida surge no contexto de uma nova investigação sobre minerais críticos conduzida pelos Estados Unidos. A iniciativa, anunciada simultaneamente à divulgação das tarifas, é vista como um movimento estratégico para garantir maior controle sobre cadeias de suprimento sensíveis — como as de tecnologia e equipamentos médicos — e reduzir a dependência de insumos oriundos da China.
Mesmo que os valores não sejam tecnicamente novos, a maneira como foram apresentados alimenta o discurso político doméstico e internacional. Em ano eleitoral, os Estados Unidos intensificam o tom em relação à China, e a retórica de proteção à indústria nacional ganha força.
Para o governo norte-americano, reforçar essas tarifas é uma forma de demonstrar postura firme frente a uma economia rival que tem expandido sua influência global em ritmo acelerado.
Já para a China, a sinalização não passa despercebida. Embora Pequim ainda não tenha anunciado contramedidas específicas, é esperado que haja alguma forma de retaliação diplomática ou comercial — seja por meio de restrições alfandegárias, ações na Organização Mundial do Comércio ou incentivos internos para reduzir o impacto sobre os exportadores chineses.
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