EUA flexibiliza exportações para a China e indica trégua comercial

EUA flexibilizam exportações para a China e firmam novo pacto com a União Europeia. Negociações buscam estender trégua tarifária e reduzir tensões globais

Os Estados Unidos anunciaram a flexibilização das restrições de exportação de produtos tecnológicos para a China, numa medida considerada estratégica para reduzir tensões comerciais. Segundo o Financial Times, a decisão pode abrir caminho para um encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping ainda este ano. Fontes do Departamento de Comércio indicam que Washington tem evitado novas sanções contra Pequim nos últimos meses, em contraste com a política anterior de endurecimento.

Um dos casos mais notórios foi a restrição ao chip H20 da Nvidia, desenvolvido para o mercado chinês. Após conversas diretas entre Trump e o CEO da Nvidia, Jensen Huang, a empresa anunciou a retomada das vendas neste mês. De acordo com o secretário de Comércio, Howard Lutnick, a liberação está ligada a negociações envolvendo terras raras e ímãs, considerados estratégicos para a indústria tecnológica.

A decisão, no entanto, gerou críticas de especialistas em segurança nacional. Um grupo de 20 ex-funcionários do governo, incluindo Matt Pottinger, ex-vice-conselheiro de segurança nacional, deve divulgar nesta segunda-feira (28) uma carta classificando a medida como um “erro estratégico que ameaça a vantagem econômica e militar dos Estados Unidos na área de inteligência artificial”.

Enquanto isso, cresce a expectativa de que a trégua tarifária entre EUA e China seja prorrogada por 90 dias. A terceira rodada de negociações ocorre nesta segunda-feira (28), em Estocolmo, na Suécia. Fontes ligadas às tratativas afirmam que ambos os países pretendem evitar novas tarifas e reduzir o avanço da guerra comercial.

Entre os temas mais delicados está a taxa extra de 20% imposta por Trump em março a algumas importações chinesas, sob a justificativa de que Pequim não adota medidas eficazes contra o envio de fentanil aos EUA. A China pode aceitar uma tarifa única de 10% para todas as importações caso essas sobretaxas sejam suspensas.

Trump demonstrou otimismo sobre as negociações com Pequim. Em visita à Escócia, antes de se reunir com Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, declarou: “Estamos muito perto de um acordo com a China. Já avançamos em pontos importantes, mas vamos ver como isso vai se desenrolar.”

No domingo (27), o presidente também anunciou um novo pacto comercial com a União Europeia, definindo tarifa fixa de 15% sobre exportações europeias — abaixo dos 30% inicialmente previstos para produtos brasileiros. O acordo foi firmado após reunião com von der Leyen, em Turnberry, na Escócia, e segue o modelo já aplicado no pacto entre Estados Unidos e Japão. Questionado se a UE poderia obter tarifas inferiores, Trump respondeu de forma categórica: “Não.”

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