EUA endurece barreiras comerciais com Canadá, México e China – mas deve ter retaliações

As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos do Canadá, México e China entraram em vigor nesta segunda-feira (3).

A decisão do governo de Donald Trump estabelece uma taxa de 25% sobre as importações dos dois vizinhos norte-americanos e dobra a tarifa universal sobre produtos chineses, que passa de 10% para 20%.

Inicialmente, a sobretaxa aplicada ao Canadá e ao México havia sido adiada por um mês devido a negociações diplomáticas. No entanto, mesmo diante de alertas sobre possíveis impactos econômicos, o governo americano decidiu seguir com a medida.

A escalada da guerra comercial já gera preocupações sobre uma nova onda de inflação e um possível impacto negativo na indústria automobilística, setor que depende fortemente do comércio entre os três países.

Além disso, a Europa também está na mira dos EUA. Na semana passada, Trump anunciou que produtos europeus também serão alvo de tarifas alfandegárias de 25%, medida que deverá ser oficializada em breve. “Tomamos a decisão e vamos anunciá-la em breve. Será de 25%”, declarou o presidente ao final de uma reunião na Casa Branca.

China reage e ameaça retaliação

O aumento das tarifas para 20% sobre produtos chineses já provocou reação imediata de Pequim. O jornal Global Times, veículo oficial do Partido Comunista Chinês, informou que o governo chinês está analisando contramedidas contra as exportações agrícolas e alimentares dos EUA.

“Se os Estados Unidos persistirem na aplicação de tarifas unilaterais, a China responderá com medidas firmes e enérgicas”, advertiu uma fonte do governo chinês à publicação.

Entre as possíveis ações retaliatórias estão:

  • Restrições tarifárias e não tarifárias sobre produtos americanos;
  • Aumento das taxas sobre importações agrícolas dos EUA;
  • Novos controles de exportação sobre minerais essenciais, fundamentais para a indústria americana;
  • Investigação aprofundada contra empresas dos EUA, incluindo gigantes como Google, Apple e Microsoft.

Durante seu primeiro mandato (2017-2021), Trump impôs diversas rodadas de tarifas sobre bens chineses, levando Pequim a responder com taxas sobre produtos dos EUA.

Em janeiro deste ano, a China já havia aumentado em até 15% as tarifas sobre importações americanas e protestado contra as taxas de 25% sobre aço e alumínio impostas por Washington.

Impactos econômicos e reação do mercado

Especialistas alertam que as novas tarifas podem provocar aumento nos preços dos produtos importados nos Estados Unidos, afetando diretamente consumidores e indústrias que dependem de insumos estrangeiros.

Setores como o automobilístico, eletrônico e agropecuário estão entre os mais impactados. Fabricantes de veículos que utilizam peças importadas do Canadá e do México poderão enfrentar um aumento nos custos de produção, enquanto a agricultura americana pode sofrer sanções por parte da China.

A escalada da guerra comercial também pressiona os mercados financeiros, gerando instabilidade entre investidores. O índice Dow Jones já registrou queda após o anúncio das tarifas, refletindo a preocupação com um possível aumento da inflação e redução do crescimento econômico.

Os consumidores americanos também devem sentir os impactos das tarifas. Produtos como eletrônicos, roupas e alimentos importados podem ter aumentos consideráveis, tornando o custo de vida mais alto e pressionando a economia interna.

Tarifas sobre a Europa e possível expansão das medidas

EUA impõem novas tarifas sobre Canadá, México e China. China ameaça retaliação e mercados reagem. Veja os impactos da guerra comercial global.

Além do Canadá, México e China, a União Europeia também está na mira da política protecionista dos Estados Unidos. O governo americano planeja impor tarifas de 25% sobre produtos europeus, o que pode levar a uma nova rodada de tensões comerciais entre Washington e Bruxelas.

A Comissão Europeia já sinalizou que tomará medidas de retaliação caso as tarifas sejam implementadas, incluindo a possibilidade de sanções sobre produtos americanos, como whisky, motocicletas e itens tecnológicos.

A disputa comercial entre os EUA e a União Europeia pode afetar diversas indústrias, especialmente o setor automobilístico e de aviação, com empresas como Boeing e Airbus no centro da disputa. Caso a Europa opte por impor tarifas retaliatórias, a cadeia global de suprimentos pode ser severamente impactada.

Contexto histórico da guerra comercial

Desde 2018, os Estados Unidos e a China vêm travando uma disputa comercial intensa, com a imposição mútua de tarifas e restrições a produtos e empresas. Durante o primeiro mandato de Trump, o país asiático foi alvo de uma série de sanções, que resultaram em prejuízos bilionários para ambas as economias.

O impacto dessa guerra comercial foi sentido no mundo todo, gerando instabilidade econômica e afetando mercados emergentes que dependem do comércio com essas duas potências. Agora, com a reeleição de Trump e a intensificação das tarifas, o cenário se torna ainda mais desafiador para o comércio global.

Possíveis caminhos para uma solução

Analistas avaliam que as tensões comerciais podem ser amenizadas por meio de negociações diplomáticas e acordos bilaterais. No entanto, com a postura protecionista dos EUA e a resposta firme da China e da União Europeia, o cenário ainda parece incerto.

Se as disputas tarifárias continuarem se intensificando, há chances de impactos mais profundos na economia global, podendo levar a uma desaceleração do crescimento econômico e um possível aumento da recessão em algumas regiões do mundo.

Os próximos meses serão cruciais para entender como os países afetados irão reagir e se haverá espaço para negociações que possam minimizar os danos ao comércio internacional.