A recente descoberta de que o vírus H5N1, causador da gripe aviária, pode ser transmitido entre mamíferos está causando grande preocupação entre cientistas e autoridades de saúde pública. Um novo estudo realizado pela Universidade Cornell nos Estados Unidos traz evidências definitivas de que a transmissão de mamífero para mamífero já está ocorrendo no país. Desde o início do ano, um surto significativo entre aves e bovinos vem sendo observado, e agora sabe-se que o vírus também infectou gatos e guaxinins.
O vírus H5N1 é conhecido por ser altamente patogênico entre aves, causando surtos devastadores em populações de aves selvagens e domésticas. Embora infecções em mamíferos, incluindo humanos, tenham sido esporádicas, elas geralmente ocorriam após contato direto com aves infectadas. A capacidade de transmissão de mamífero para mamífero, no entanto, marca um novo e alarmante desenvolvimento na evolução do vírus.
Pesquisadores da Universidade Cornell, utilizando análise genômica avançada, modelos computacionais e dados epidemiológicos de nove países, conseguiram traçar o caminho da infecção entre diferentes espécies de mamíferos. O estudo, publicado na renomada revista Nature, revela que os primeiros bovinos infectados provavelmente adquiriram o vírus através do contato com aves selvagens no Texas. Estes bovinos apresentaram sintomas como redução de apetite, alterações nas fezes, dificuldades respiratórias e redução na produção de leite.
A transmissão de vaca para vaca foi confirmada quando animais infectados foram transportados para uma nova população de bovinos em Ohio. Além disso, o sequenciamento genético revelou que o vírus se espalhou para gatos e guaxinins, provavelmente através da ingestão de leite cru contaminado. “Esta é uma das primeiras evidências de transmissão eficiente e sustentada de mamífero para mamífero,” afirmou Diego Diel, professor de virologia na Universidade Cornell e um dos autores do estudo.
Embora o estudo tenha mostrado que os vírus encontrados em mamíferos são geneticamente próximos aos que circulam entre aves, sem mutações significativas que aumentem a transmissibilidade para humanos, a situação ainda é preocupante. A transmissão de mamífero para mamífero pode facilitar a evolução do vírus para uma forma mais adaptada a humanos, aumentando o risco de uma epidemia mais ampla.
Leite cru: um vetor perigoso
O estudo destacou o papel do leite cru como um vetor de transmissão do H5N1 para mamíferos. A alta carga viral encontrada no leite das vacas infectadas sugere que o consumo de leite não pasteurizado pode ser um risco significativo. Apesar de ser uma prática que ganhou popularidade em algumas regiões, especialmente nos EUA, o consumo de leite cru deve ser evitado para prevenir a disseminação do vírus.
Desde 2022, onze casos de infecção humana pelo H5N1 foram identificados nos EUA, sendo sete em trabalhadores de fazendas de aves e quatro em trabalhadores com bovinos. Felizmente, todos os casos apresentaram apenas sintomas leves. No entanto, em julho de 2024, quatro novos casos em uma fazenda de aves no Colorado aumentaram a preocupação das autoridades de saúde. No Brasil, até o momento, não há casos de gripe aviária em humanos, embora o vírus circule entre aves selvagens.
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