Espada celta de 2.300 anos com suásticas gravadas é encontrada na França

Um achado impressionante está chamando atenção da comunidade arqueológica internacional. Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Arqueológicas Preventivas da França (INRAP) anunciaram, em abril, a descoberta de uma espada celta com cerca de 2.300 anos, encontrada em uma antiga necrópole situada na comuna de Creuzier-le-Neuf, no centro do país. O que torna essa peça especialmente curiosa é a presença de suásticas gravadas em sua bainha — um símbolo milenar que, apesar da associação posterior com o nazismo, possui origens muito mais antigas e amplamente positivas.

Necrópole celta revela relíquias metálicas raras

O local da escavação ocupa uma área de 650 metros quadrados e vem sendo explorado há três anos. Trata-se de uma extensa necrópole celta, cuja acidez do solo impediu a preservação dos restos humanos, mas permitiu a conservação de uma grande variedade de objetos metálicos, muitos deles usados em rituais fúnebres.

Foram identificadas mais de 100 sepulturas, sendo que aproximadamente metade delas continha artefatos como pulseiras e broches produzidos em liga de cobre e ferro. Alguns desses itens, datados entre os séculos 5 e 3 a.C., são decorados com pedras lapidadas, folhas de prata e padrões em forma de olhos — elementos que, segundo o arqueólogo Vincent Georges, estavam “na moda” entre os artesãos celtas da época.

Espada celta de 2.300 anos com suásticas gravadas é encontrada na França
Foto: Flore Giraud, Inrap

Duas espadas se destacam entre os achados

Entre os objetos recuperados, duas espadas chamaram particularmente a atenção dos especialistas. Ambas estavam armazenadas em bainhas de cobre e exibem sinais de detalhamento artesanal refinado. A primeira espada, de comprimento mais alongado, apresenta argolas metálicas que sugerem que era usada presa à cintura, provavelmente por um guerreiro montado.

A segunda espada, menor e mais ornamentada, revelou detalhes surpreendentes após ser submetida a exames de raio-X. Na parte superior da lâmina, os pesquisadores identificaram símbolos gravados como um círculo e uma lua crescente, indícios de que o item foi forjado por volta do século 4 a.C.

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Mas o detalhe mais marcante está na bainha: entre as pedras decorativas polidas, pelo menos duas carregam o símbolo da suástica.

Espada celta de 2.300 anos com suásticas gravadas é encontrada na França
Foto: Flore Giraud, Inrap

A suástica antes do nazismo

Ao contrário do que o senso comum pode levar a crer, as suásticas encontradas na espada não têm qualquer ligação com o regime nazista. Como destaca a Smithsonian Magazine, esse símbolo tem sido usado há milênios por diferentes civilizações em todo o mundo como um emblema de sorte, eternidade ou proteção espiritual.

Vestígios arqueológicos mostram que a suástica era amplamente empregada no Mediterrâneo, especialmente na antiga Anatólia — atual Turquia. O arqueólogo Heinrich Schliemann chegou a catalogar mais de 1.800 artefatos com o símbolo nessa região. Na Europa continental, os celtas adotaram o desenho por volta do final do século 5 a.C., embora seu significado exato dentro dessa cultura ainda seja incerto.

Espada celta de 2.300 anos com suásticas gravadas é encontrada na França
Foto: Flore Giraud, Inrap

Para Vincent Georges, as espadas encontradas em Creuzier-le-Neuf oferecem uma nova perspectiva sobre os valores sociais e simbólicos dos celtas. A espada maior possui características técnicas que indicam uso prático em combate, possivelmente por um cavaleiro. Já a peça mais curta, decorada com suásticas, provavelmente não era feita para a batalha.

Os arqueólogos acreditam que ela tenha tido uma função cerimonial ou representativa, simbolizando o prestígio ou a autoridade de seu portador — talvez um líder militar ou figura de destaque na comunidade celta.

Conclusão

Em tempos de significados distorcidos e leituras apressadas, redescobrir a origem de símbolos como a suástica é também um convite à compreensão mais profunda da história. A espada celta recém-descoberta na França não apenas encanta pela beleza e antiguidade, mas também instiga novas perguntas sobre o papel da arte, da guerra e da crença entre os povos antigos. Uma peça de metal que, mesmo enterrada por mais de dois milênios, continua afiada em seu poder de provocar.

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