Uma esfinge no Paquistão? Sim, você leu certo. E ela não está em um museu ou parque temático, mas cravada em uma montanha real, no meio de um parque nacional. Desde que foi revelada ao mundo em 2004 — após a inauguração da rodovia costeira Makran — a chamada Esfinge do Baluchistão tem causado mais do que espanto: ela tem incendiado debates entre geólogos, arqueólogos e entusiastas de civilizações antigas.
Localizada no coração do Parque Nacional Hingol, a poucos quilômetros do mar da Arábia e em meio à paisagem desértica e dramática da província do Baluchistão, essa estrutura de pedra impressiona por sua forma assustadoramente precisa — lembrando, com detalhes curiosos, a milenar Esfinge de Gizé, no Egito. Mas como algo assim foi parar ali? E, mais importante: quem teria esculpido isso?
À primeira vista, pode parecer apenas mais uma formação rochosa exótica. Mas um olhar mais atento revela algo quase impossível de ignorar: o formato da cabeça, os contornos faciais, os “flaps” que lembram o Nemes (a touca dos faraós), e as patas dianteiras que remetem à postura clássica da Esfinge egípcia.
Para deixar tudo ainda mais intrigante, logo abaixo da “cabeça” dessa suposta esfinge, há uma estrutura rochosa que se assemelha a um templo escavado, com linhas que lembram colunatas e portais, evocando fortemente os templos hindus do subcontinente indiano.
Embora os céticos acreditem tratar-se de uma coincidência geológica, para muitos, inclusive o pesquisador independente Bibhu Dev Misra, a semelhança vai longe demais para ser apenas um jogo da natureza.
De acordo com Misra e outros estudiosos alternativos, a Esfinge do Baluchistão pode ser uma relíquia esquecida de uma civilização pré-histórica altamente desenvolvida — talvez anterior até mesmo à cultura do Vale do Indo. Uma civilização que teria dominado a arquitetura megalítica e deixado vestígios simbólicos espalhados pela Ásia, ainda por serem descobertos.
Há quem vá além e sugira ligações com antigas culturas egípcias, dravidianas ou mesmo atlantes. Um verdadeiro campo fértil para hipóteses audaciosas, claro — mas que ganham tração à medida que mais imagens da estrutura circulam e revelam ângulos ainda mais intrigantes.
Enquanto os entusiastas se entusiasmam, a comunidade científica mantém o pé no chão — e uma sobrancelha levantada. A maioria dos geólogos paquistaneses e especialistas em formações rochosas classificam a estrutura como uma escultura natural, esculpida ao longo de milhares (ou milhões) de anos por processos erosivos: vento, chuva, calor extremo e sedimentação.
Segundo esses especialistas, o arenito da região é notoriamente suscetível a desgastes que podem produzir formas bizarras — e a Esfinge seria apenas mais um exemplo, ainda que extremamente bem posicionado para confundir o olhar humano.
O grande problema? Não há estudos de escavação sérios realizados no local até hoje. Nenhuma análise arqueológica profunda, nenhuma datação por carbono, nenhum esforço oficial para entender, de fato, o que está ali. O monumento permanece como um mistério… literal e figurativamente coberto por camadas de incerteza.
Apesar de seu potencial para atrair turismo internacional, a Esfinge do Baluchistão ainda é pouco explorada. A região, marcada por instabilidades políticas e geográficas, carece de infraestrutura turística e de políticas de preservação. Há, sim, visitas esporádicas e entusiastas que se aventuram pela estrada costeira de Makran para ver com os próprios olhos aquilo que parece ter saído direto de um romance de Dan Brown.
A ausência de escavações oficiais ou proteção governamental mantém o local em um limbo: famoso o suficiente para gerar curiosidade, esquecido o bastante para continuar envolto em mistério.
A verdade, por enquanto, permanece enterrada sob o próprio monumento. Será a Esfinge do Baluchistão uma maravilha esculpida pela própria Terra? Ou um legado soterrado de uma civilização que ainda não conseguimos identificar?
Enquanto não houver investigações arqueológicas de verdade, a dúvida persiste — e talvez seja justamente isso que torne esse lugar tão irresistível. Afinal, o que seria do mundo sem um bom mistério para aguçar nossa imaginação?