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Erupção vulcânica pode ter acelerado a peste negra na Europa, diz estudo

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Um novo estudo científico sugere que fenômenos vulcânicos podem ter desempenhado um papel importante na rápida disseminação da peste negra na Europa durante o século 14. A pesquisa, publicada nesta quinta-feira (4) no periódico Communications Earth & Environment, do grupo Nature, indica que mudanças climáticas bruscas associadas a erupções vulcânicas contribuíram para ampliar o alcance da doença que devastou boa parte do continente.

A peste negra, causada pela bactéria Yersinia pestis, matou milhões de pessoas entre 1347 e 1353. Estudos históricos já apontaram que a doença pode ter eliminado até metade da população europeia, embora pesquisas mais recentes, como um levantamento de 2022, indiquem que esse número pode ter sido superestimado. O novo trabalho busca explicar como o patógeno, originado em roedores selvagens na Ásia Central, se espalhou em escala continental.

Segundo os autores, erupções ocorridas por volta de 1345 provocaram uma queda repentina das temperaturas entre 1345 e 1347. Esse resfriamento abrupto prejudicou plantações de grãos, especialmente no entorno do mar Mediterrâneo, desencadeando um período de fome severa. Com escassez local, cidades-Estado italianas como Veneza, Gênova e Pisa passaram a importar grandes quantidades de grãos da região do mar Negro. Navios que transportavam esses produtos teriam levado, junto, pulgas infectadas pela bactéria, acelerando a entrada da peste nos portos mediterrâneos.

Para sustentar a hipótese, o estudo utilizou dados da paleoclimatologia, que analisa o clima do passado. Entre as evidências estão registros climáticos e vestígios em árvores dos Pirineus, na Espanha. Os cientistas observaram anéis de coloração azulada, que indicam falhas na madeira associadas a verões anormalmente frios. Esses sinais coincidem com relatos históricos que descrevem fenômenos climáticos extremos durante o mesmo período.

“Os dados das árvores corroboram os relatos que descrevem anomalias meteorológicas”, afirmou Martin Bauch, pesquisador do Instituto Leibniz para a História e Cultura da Europa Oriental, na Alemanha, um dos responsáveis pelo estudo. Ele ressalta ainda que a peste negra deve ser vista como resultado da interação entre múltiplos fatores, e não apenas como consequência direta da presença de um patógeno.

O trabalho destaca que a escassez de alimentos e a reestruturação do comércio marítimo criaram condições para que a bactéria se espalhasse rapidamente. Ao alterar rotas mercantis, a fome acabou abrindo caminho para a chegada da doença. “A mudança temporária no clima, causada por erupções vulcânicas, não só evitou que populações inteiras morressem de fome, como também levou a peste aos portos do Mediterrâneo e impulsionou sua expansão por grande parte da Europa”, observam os autores.

A pesquisa reforça a ideia de que pandemias são eventos complexos, influenciados não apenas pela ação do agente infeccioso, mas também por aspectos climáticos, econômicos e sociais. “O mesmo patógeno pode ter impactos diferentes dependendo do contexto”, resume Bauch, ao defender que compreender a história de epidemias ajuda a responder de forma mais eficaz aos desafios sanitários atuais.

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