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Encontrada cidade fantasma portuguesa no coração da Amazônia

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Pesquisadores descobriram vestígios da antiga cidade de Lamego, um núcleo urbano construído durante o período colonial português, localizado em área remota da Amazônia. O achado, possível graças ao uso da tecnologia Lidar, oferece novas evidências sobre a estrutura e o alcance da colonização lusitana no interior do território brasileiro.

Durante muito tempo, acreditou-se que a presença europeia na Amazônia se limitava a ocupações esparsas e improvisadas, formadas por pequenas comunidades ribeirinhas e missões isoladas. No entanto, as imagens de alta precisão obtidas pelo mapeamento aéreo indicam que Lamego era uma cidade organizada, com traçado urbano definido e elementos de planejamento semelhantes aos de outras colônias portuguesas no litoral.

O sistema Lidar, que utiliza feixes de laser emitidos a partir de aeronaves para medir a topografia do solo, conseguiu registrar as estruturas encobertas pela vegetação densa da floresta. As medições revelaram ruas, quarteirões e edificações que demonstram o padrão urbanístico da época, com clara divisão entre espaços administrativos, religiosos e residenciais.

Estima-se que Lamego tenha abrigado aproximadamente 300 habitantes, incluindo colonos portugueses, escravizados africanos e trabalhadores indígenas. Esse número, embora pequeno, é suficiente para indicar a existência de uma organização social complexa, baseada na hierarquia e na exploração econômica local. O modelo de ocupação seguia o padrão das demais colônias portuguesas, com clara distinção entre as classes dominantes e os grupos subjugados, demonstrando que o domínio colonial alcançava até as áreas mais remotas do território amazônico.

A proximidade de Lamego com a antiga Vila de Bragança reforça a hipótese de que ambas as localidades faziam parte de uma rede estruturada de controle e comércio. Essa ligação sugere que a região não era composta apenas por povoados isolados, mas sim por núcleos urbanos interligados, que garantiam à Coroa portuguesa o domínio sobre uma área de grande importância estratégica.

O achado também questiona a antiga narrativa de que o interior da Amazônia teria permanecido fora das dinâmicas coloniais complexas. A descoberta de Lamego confirma que, mesmo longe das principais rotas marítimas, houve esforços de urbanização e de controle territorial, apoiados por uma administração organizada e sustentados por atividades econômicas ligadas à extração de recursos naturais.

Para os arqueólogos, a redescoberta da cidade representa mais do que um simples registro histórico: trata-se de um novo marco para a compreensão da ocupação europeia na Amazônia. Os resultados obtidos pelo uso da tecnologia Lidar demonstram que a região abrigava estruturas urbanas planejadas e integradas, o que altera significativamente o entendimento sobre a presença portuguesa e suas formas de administração.

O desafio agora é preservar os vestígios identificados e garantir que a área seja estudada de maneira responsável, evitando danos causados pelo desmatamento e pela exploração irregular do solo. A preservação de sítios arqueológicos como Lamego é fundamental para compreender a formação histórica da Amazônia e a maneira como as potências coloniais moldaram a paisagem e as relações sociais da região.

A descoberta de Lamego reafirma a importância da arqueologia tecnológica e das pesquisas interdisciplinares no resgate da história amazônica. Mais do que uma cidade esquecida, Lamego simboliza a presença de uma estrutura política, econômica e cultural que influenciou o desenvolvimento regional e revela que o interior da floresta foi, também, cenário de urbanização e poder.

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