A Idade Média, um período repleto de complexidades e peculiaridades culturais, também teve uma relação única com os cães. Em seu livro “De Canibus,” o estudioso inglês do século XVI, John Caius, descreveu uma hierarquia de cães que refletia sua função na sociedade medieval. Neste artigo, exploraremos como os cães eram vistos e utilizados na Idade Média, desde os velozes galgos até os cães de estimação nobres, e como eles desempenhavam papéis importantes em diversas esferas da vida medieval.
Os cães de caça especializados eram considerados o ápice da hierarquia canina na Idade Média. Galgos, conhecidos por sua incrível rapidez, e sabujos, cujo olfato poderoso os conduzia por caminhos longos em busca de presas, eram altamente valorizados pelos caçadores medievais. Eles desempenhavam um papel crucial na busca por alimento e eram altamente respeitados por sua habilidade.
Os galgos eram apreciados por sua velocidade e agilidade, permitindo que os caçadores alcançassem presas em alta velocidade. Enquanto isso, os sabujos eram elogiados por seu olfato apurado, que os tornava rastreadores excepcionais em caçadas longas e desafiadoras. Ambos desempenhavam um papel vital na obtenção de alimentos na sociedade medieval.
À medida que a caça se tornava mais um passatempo aristocrático do que uma necessidade, os cães começaram a encontrar seu lugar nas casas nobres, especialmente entre as mulheres. Os cães de estimação eram símbolos de status social e eram frequentemente associados às classes nobres.
Os cães de estimação eram cuidadosamente selecionados por sua aparência delicada e comportamento encantador. John Caius classificava esses cães como “delicados, arrumados e bonitos” e os posicionava abaixo dos cães de caça, mas acima dos vira-latas básicos devido à sua associação com as classes nobres. Ter um cão de estimação era um sinal de prestígio entre a elite medieval.
Apesar da desaprovação formal da igreja em relação aos animais de estimação, muitos clérigos possuíam cães. Esses cães, muitas vezes, eram escolhidos com base em sua adequação para atividades internas e eram cachorrinhos de estimação.
Os cães dos clérigos compartilhavam características com os cães de estimação nobres, pois eram frequentemente escolhidos por sua companhia agradável. Embora a igreja formalmente desaprovasse animais de estimação, a prática era comum entre os clérigos, especialmente aqueles que viviam em ambientes internos.
Os cães na Idade Média ocupavam uma posição única na sociedade, refletindo as complexidades culturais da época. Desde os cães de caça que desempenhavam um papel fundamental na obtenção de alimentos até os cães de estimação nobres que simbolizavam status social, esses animais eram parte integrante da vida medieval. Mesmo as autoridades urbanas regulamentaram a manutenção de cães de guarda, reconhecendo sua importância na segurança. A relação entre os cães e a sociedade medieval nos lembra como esses animais desempenhavam papéis significativos em diversas esferas da vida na Idade Média, deixando um legado duradouro em sua história.