Professor Eloésio Paulo lança livro 201 romances brasileiros em 5 minutos cada

A literatura brasileira, com suas múltiplas facetas, ganhou uma abordagem inédita com o lançamento do livro “201 romances brasileiros em 5 minutos cada”, do escritor e professor Eloésio Paulo.

Com críticas sucintas e observações pontuais, a obra apresenta um panorama abrangente dos romances nacionais publicados entre 1843 e 1999, promovendo reflexões sobre os rumos da literatura no país.

Eloésio Paulo, que leciona Letras na Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG), traz à tona uma experiência vivida em seus 15 anos como professor de escolas particulares. Ele admite que muitas vezes era desafiado a discutir romances que não tinha conseguido ler completamente, devido ao tempo escasso ou à própria extensão das obras.

“No caso da poesia, é possível abordar um ou outro poema significativo. Mas, com romances, nenhum professor consegue abarcar todos, por diversos motivos”, reflete Eloésio.

Essa inquietação foi transformada em inspiração para seu projeto literário. O livro, que teve lançamento presencial em Belo Horizonte, é uma ferramenta para leitores e professores, ao mesmo tempo em que serve como um ponto de partida para novas análises críticas.

A obra reúne resenhas de 201 romances, começando por “O filho do pescador”, de Teixeira e Sousa, de 1843, e encerrando com “Sonho”, de André Sant’Anna, publicado em 1999. Com prefácio assinado por Luiz Ruffato, o livro foca em apresentar análises críticas que, embora concisas, são incisivas e refletem a opinião pessoal do autor.

Os textos, originalmente publicados na revista Pessoa, tiveram de ser adaptados ao limite editorial de 2.599 caracteres. Essa limitação, segundo Eloésio, tornou o exercício ainda mais desafiador. “Cometi muitos cortes, mas consegui manter o essencial de cada análise”, explica.

Eloésio não hesita em expor opiniões polêmicas. Em relação a “Bom-crioulo”, de Adolfo Caminha, ele observa que “as páginas finais beiram o sórdido, o grotesco e o hilariante, mas alcançam um nível estético admirável dentro da ficção brasileira”. Por outro lado, “O guarani”, de José de Alencar, é avaliado como “um livro marcado por superficialidade”, embora Eloésio reconheça sua relevância histórica.

Nem todas as análises são críticas severas. Ele destaca “O Ateneu”, de Raul Pompeia, pela inovação narrativa e sua capacidade de tratar temas universais a partir de questões específicas. Outro exemplo é “Capitães da areia”, de Jorge Amado, considerado um marco social e político.

A obra de Carolina Maria de Jesus, “Quarto de despejo”, também ganha atenção especial. Eloésio ressalta seu papel em expor as desigualdades sociais e a força de sua narrativa, que transcende o tempo.

Embora admita que nem todas as obras citadas sejam memoráveis, Eloésio destaca a importância da literatura em dialogar com outras áreas do conhecimento. Ele é categórico ao afirmar que “os bons livros que estão nas vitrines têm o papel de abrir caminhos para outras formas de saber”.

A crítica, segundo ele, é essencial para reavaliar os cânones literários e redimensionar o lugar de cada obra no panorama nacional. Livros que antes ocupavam posições de destaque podem ser reinterpretados à luz de novos contextos sociais, culturais e históricos.

Com sua linguagem acessível e reflexiva, “201 romances brasileiros em 5 minutos cada” é um convite para redescobrir a literatura nacional. Eloésio Paulo demonstra que, mesmo em textos curtos, é possível instigar debates, revisitar clássicos e dar nova vida a obras que, muitas vezes, ficam restritas às prateleiras.

A obra é uma ferramenta indispensável tanto para leitores em busca de orientação quanto para professores e críticos interessados em ampliar o horizonte literário brasileiro. Mais do que uma coletânea de resenhas, o livro é um retrato do vigor e da diversidade da literatura nacional.

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