As eleições municipais de 2024 no Brasil se aproximam e trazem consigo uma mudança notável no perfil do eleitorado. O número de jovens de 16 e 17 anos que se cadastraram para votar aumentou significativamente, com um salto de 78% em comparação com o pleito municipal anterior, realizado em 2020.
Segundo dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), agora são 1.836.081 eleitores nessa faixa etária. Esse crescimento expressivo demonstra um maior engajamento cívico dos adolescentes brasileiros e aponta para uma participação mais ativa nas decisões políticas locais.
A ampliação do número de jovens eleitores é uma das mudanças mais significativas observadas na preparação para as eleições municipais de 2024. Em 2020, o Brasil contava com 1.030.563 eleitores adolescentes, número que cresceu para mais de 1,8 milhão este ano. Apesar de não serem obrigados a votar, esses jovens demonstram um interesse crescente em participar do processo democrático.
O crescimento do eleitorado jovem em 2024 supera de longe o aumento geral do eleitorado brasileiro, que foi de 5,4% em relação ao pleito municipal anterior. A ampliação do número de jovens eleitores reflete uma maior conscientização política entre os adolescentes, motivada por campanhas de incentivo ao voto e pela crescente discussão sobre questões sociais e políticas nas escolas e nas redes sociais.
Nas eleições gerais de 2022, o Brasil já havia registrado um aumento significativo no alistamento de eleitores adolescentes, com 2,1 milhões de jovens aptos a votar, um crescimento de 51,13% em relação a 2018. Apesar da diferença de participação entre eleições gerais e municipais, os números indicam um padrão de maior engajamento entre os mais jovens.
A participação dos jovens nas eleições é fundamental para o fortalecimento da democracia. Ao exercerem seu direito de voto, esses eleitores não apenas expressam suas opiniões, mas também influenciam as políticas públicas que afetam diretamente suas vidas e o futuro do país. A crescente mobilização de adolescentes para votar é um sinal positivo de que as novas gerações estão mais engajadas e conscientes da importância de seu papel na sociedade.
Além do crescimento no número de eleitores jovens, os dados do TSE também revelam mudanças no perfil do eleitorado brasileiro para as eleições de 2024. Em todas as faixas etárias, as mulheres continuam a ser maioria, refletindo a estrutura demográfica do país. Geograficamente, elas são a maioria dos votantes em 3.432 dos 5.569 municípios que participam das eleições este ano, o que representa cerca de seis em cada dez cidades.
As mulheres constituem a maioria do eleitorado em 61,6% dos municípios brasileiros, com a maior proporção registrada em Maceió, onde representam 55,3% dos eleitores. Em contrapartida, existem 11 cidades em que o número de eleitores homens e mulheres é exatamente o mesmo. Esse equilíbrio de gênero no eleitorado destaca a importância da representatividade feminina na política e a necessidade de políticas públicas que atendam às necessidades de todos os cidadãos.
No outro extremo da faixa etária, os eleitores com mais de 70 anos representam um segmento significativo, totalizando 15,2 milhões de pessoas aptas a votar em 2024. Este número representa 9,76% do eleitorado total e marca um aumento de 23% em relação a 2020, quando eram 12,3 milhões. Assim, tanto os jovens quanto os idosos têm um papel importante na definição dos resultados eleitorais.
Em termos de escolaridade, a maior parte do eleitorado possui ensino médio completo, com 42,1 milhões de eleitores, seguido por aqueles com ensino fundamental completo (35 milhões). Os eleitores com nível superior completo somam 16,7 milhões, enquanto 5,5 milhões se declararam analfabetos. Esses dados ressaltam a importância da educação na formação do eleitorado e no fortalecimento da cidadania.
Além disso, houve um aumento significativo no número de eleitores que declaram ter algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida, de 1.157.619 em 2020 para 1.451.846 em 2024, um aumento de 25%. A Justiça Eleitoral também ampliou os recursos de acessibilidade, designando 180.191 das 500.183 seções eleitorais em todo o país para atender a esses eleitores. Isso demonstra um compromisso crescente com a inclusão e acessibilidade no processo eleitoral.
As mudanças no perfil do eleitorado brasileiro não se limitam ao aumento da participação jovem e à maior representação de mulheres. Outros aspectos, como o uso do nome social e a distribuição geográfica dos eleitores, também apresentam tendências interessantes.
Um destaque das eleições de 2024 é o aumento no uso do nome social pelos eleitores. Em comparação com as eleições municipais anteriores, o número de pessoas que adotaram o nome social no título de eleitor quadruplicou, passando de 9.985 em 2020 para 41.537. Este aumento reflete um avanço significativo na inclusão e reconhecimento dos direitos das pessoas trans e não binárias, que agora encontram mais espaço e visibilidade no cenário eleitoral.
Seguindo a divisão geográfica da população brasileira, a maior parte dos eleitores está concentrada no Sudeste, com 66,9 milhões de eleitores, seguido pelo Nordeste (43,3 milhões), Sul (22,6 milhões), Norte (12,9 milhões) e Centro-Oeste (9,7 milhões). Essa distribuição reflete a densidade populacional e as características socioeconômicas de cada região, influenciando as prioridades e os resultados das eleições em diferentes partes do país.
O município de São Paulo, o mais populoso do Brasil, possui 9,3 milhões de eleitores aptos a votar, enquanto Borá, também em São Paulo, é a cidade com o menor número de eleitores, apenas 1.094. Essas disparidades destacam a diversidade do eleitorado brasileiro e a importância de políticas que atendam às necessidades de todas as regiões, independentemente de seu tamanho ou localização.
Com o eleitorado brasileiro mais diversificado e engajado, as eleições municipais de 2024 prometem ser marcadas por uma participação significativa de jovens, idosos e grupos historicamente sub-representados. No dia 6 de outubro, os eleitores irão às urnas para escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores em suas cidades. Em municípios com mais de 200 mil habitantes, onde nenhum candidato consiga maioria absoluta, um segundo turno será realizado em 27 de outubro.
O aumento do número de jovens eleitores pode ter um impacto significativo nos resultados das eleições municipais. Com um eleitorado mais jovem e diversificado, espera-se que temas como educação, emprego, meio ambiente e direitos sociais ganhem mais destaque nas campanhas e debates eleitorais. Além disso, a maior participação de jovens pode influenciar na escolha de candidatos que representem melhor os interesses dessa faixa etária e tragam novas perspectivas para a política local.
As eleições de 2024 apresentam tanto desafios quanto oportunidades para a democracia brasileira. O crescimento da participação jovem e a inclusão de grupos diversificados no processo eleitoral são sinais positivos de um sistema democrático mais inclusivo e representativo. No entanto, é fundamental que a sociedade e os governos continuem a trabalhar para garantir eleições livres, justas e acessíveis para todos, promovendo a educação política e incentivando a participação cívica em todas as faixas etárias e grupos sociais.