O dólar fechou em queda nesta última quarta-feira (12), completando o terceiro dia consecutivo de desvalorização. A moeda americana encerrou o pregão cotada a R$ 5,7625, renovando o menor patamar desde novembro de 2024. A queda do dólar ocorre mesmo após o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos divulgar dados da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) que superaram as expectativas do mercado, o que, teoricamente, indicaria uma pressão para que o dólar se valorizasse.
Para analistas, a tendência de queda do dólar está associada a uma série de fatores, com destaque para as falas recentes do presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo. Durante um seminário sobre política monetária, Galípolo expressou suas preocupações sobre o impacto das incertezas políticas nos Estados Unidos, particularmente sobre o mandato do presidente Donald Trump, e sobre a postura que o Banco Central brasileiro deve adotar em relação à taxa Selic.
O cenário dos Estados Unidos também está gerando tensão nos mercados financeiros, com as constantes ameaças de Trump de aumentar tarifas sobre produtos importados. Se as tarifas de fato aumentarem, os preços dos produtos norte-americanos tendem a subir, o que pode pressionar a inflação interna e dificultar a continuidade da política de redução das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed). Isso influencia diretamente os mercados globais, inclusive o mercado cambial brasileiro.
Além disso, as falas do presidente do Fed, Jerome Powell, seguem no radar dos investidores. O impacto dessas declarações no comportamento da moeda norte-americana é crucial, pois uma postura mais “dura” (hawkish) do Fed, com uma possível elevação nas taxas de juros, poderia reforçar a valorização do dólar no mercado internacional.
No Brasil, o cenário econômico interno também exerce influência sobre a cotação da moeda. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados sobre o setor de serviços, que registrou uma queda de 0,5% em dezembro de 2024, após dois meses consecutivos de resultados negativos. No entanto, no acumulado do ano, o setor teve um crescimento de 3,1%, o que aponta uma recuperação gradual, embora ainda sujeita a variações.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa brasileira, também seguiu uma tendência de queda, refletindo um sentimento mais cauteloso dos investidores. Apesar da alta do setor de serviços no acumulado anual, a volatilidade nos mercados externos, especialmente com a dinâmica da política monetária nos EUA, tem afetado o humor dos investidores.
Para o mercado financeiro, a atual queda do dólar também pode ser vista como uma oportunidade para os investidores que buscam se posicionar em ativos denominados em moeda local. Contudo, os especialistas alertam para a necessidade de cautela, já que a volatilidade externa ainda exerce um papel significativo nas flutuações da moeda brasileira.