Dólar cai neste segunda com novos leilões do Banco Central

A moeda americana, historicamente um termômetro da economia global, apresentou uma notável desvalorização em relação ao real, refletindo um cenário de intervenções do Banco Central (BC) no câmbio e a tendência de queda no mercado internacional. Às 12h30, o dólar cedia 0,51%, sendo negociado a R$ 6,03, valor que encerrou o dia. Essa dinâmica, influenciada por diversos fatores internos e externos, reflete uma complexa interação de políticas monetárias, pressões inflacionárias e perspectivas macroeconômicas.

O Banco Central brasileiro desempenhou um papel decisivo ao injetar US$ 2 bilhões no mercado de câmbio por meio de dois leilões de linha. Essa estratégia, que inclui o compromisso de recompra futura, visa conter oscilações abruptas da moeda estrangeira, garantindo maior estabilidade ao real. No primeiro leilão, o BC aceitou três propostas, totalizando US$ 1 bilhão a uma taxa de corte de 5,851%. No segundo, mais US$ 1 bilhão foi aceito com taxa de 5,879%.

Ações como essas ajudam a reduzir pressões inflacionárias, especialmente em um país que depende significativamente de importações de combustíveis e insumos para a produção industrial. Para José Cassiolato, sócio da RGW Investimentos, tais medidas criam um viés deflacionário ao baratear custos energéticos, um ponto fundamental na análise do cenário.

Globalmente, o dólar registrou desvalorização em relação a diversas moedas. O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas globais, caiu 1,1%. Em relação ao peso mexicano, houve uma desvalorização de 1,45%, enquanto frente ao rand sul-africano a queda foi de 0,9%. Essa perda de força da moeda americana reflete expectativas de um menor protecionismo por parte do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após notícias sobre a não imposição de tarifas em memorandos.

O mercado também foi impactado pela possibilidade de medidas mais brandas na produção energética dos EUA, o que pode mitigar pressões inflacionárias globais. Essa conjuntura repercute de maneira direta no câmbio, favorecendo moedas de mercados emergentes, como o real.

Em um relatório recente, o Itaú revisou suas projeções macroeconômicas para 2025. A expectativa para a inflação foi ajustada para 5,8%, acima da previsão anterior de 5%. A taxa Selic, atualmente em 15,75%, deve permanecer nesse patamar até 2026, quando o banco projeta um recuo para 13,75%.

Quanto ao dólar, a previsão é que a moeda encerre 2025 em R$ 5,90, com uma média anual de R$ 6,03. Segundo o Itaú, a dinâmica do real e as expectativas inflacionárias serão cruciais para determinar o tamanho do ciclo monetário. Caso o real se desvalorize ou haja uma deterioração adicional nas expectativas, cortes na Selic poderiam ser adiados, o que impactaria diretamente na taxa de câmbio.

Enquanto o mercado cambial reagia às intervenções do BC e à queda do dólar, o Bitcoin atingiu um novo recorde, chegando a US$ 109.241. O movimento ocorreu após Donald Trump e sua esposa Melania lançarem memecoins, que elevaram a capitalização de mercado do token de Trump para mais de US$ 15 bilhões antes de uma correção.

Essa ascensão das criptomoedas evidencia uma busca por ativos alternativos em momentos de instabilidade. Além disso, a crescente adoção institucional de criptoativos reflete uma mudança estrutural no mercado financeiro global.