Pesquisadores revelaram uma descoberta intrigante em Afrodísias, na Turquia. Durante escavações arqueológicas, foi encontrado o esqueleto de uma criança que viveu entre os séculos 10 e 12, apresentando sinais de uma condição pouco comum: a hiperostose cortical infantil (HIC), também conhecida como doença de Caffey. O estudo, publicado na revista científica Childhood in the Past, trouxe novas perspectivas sobre a saúde e os desafios enfrentados por populações antigas.
Evidências nos ossos
A criança, com idade estimada entre 2 e 3 anos, apresentava deformações evidentes em diferentes partes do corpo. O túmulo, classificado como “Tumba 73A”, guardava os restos de dois adultos e duas crianças. Entre elas, uma chamou a atenção pelos ossos anormalmente espessados, em especial a ulna — o osso do antebraço — que estava duas vezes maior do que o normal. Também foram observadas alterações no maxilar, na escápula e no braço esquerdo.
Comparações científicas
Para identificar a origem dessas alterações, a equipe de especialistas comparou os ossos com registros de diferentes doenças que deixam marcas no esqueleto humano, como anemias hemolíticas, raquitismo, tuberculose, escorbuto e até casos de maus-tratos. No entanto, as características coincidiam de forma mais precisa com a hiperostose cortical infantil, doença que provoca inflamação no periósteo — a camada que reveste o osso — e causa espessamento ósseo.
A hiperostose cortical infantil costuma surgir entre os primeiros meses de vida, podendo aparecer ainda no útero. Embora a condição possa desaparecer espontaneamente após alguns meses, existem casos raros de reaparecimento. Os pesquisadores observaram que o fóssil apresentava sinais de recuperação no momento da morte, indicando que o processo de cicatrização já estava em andamento.
Um dos pontos críticos da doença é o comprometimento da mandíbula, que pode dificultar a alimentação e levar à desnutrição, interferindo diretamente no desenvolvimento físico. Essa condição ajuda a explicar as divergências encontradas pelos arqueólogos ao estimar a idade da criança, já que os ossos e os dentes indicavam idades ligeiramente diferentes.
Raridade no registro arqueológico
Casos de HIC são extremamente incomuns tanto na atualidade quanto em contextos arqueológicos. Os sintomas mais comuns incluem febre, irritabilidade, inchaço em tecidos moles e alterações ósseas. Embora ainda não haja consenso, pesquisadores levantam a hipótese de que fatores hereditários possam estar ligados à origem da doença.
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