DNA expõe origem escocesa secreta da primeira família real da Polônia

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DNA expõe origem escocesa secreta da primeira família real da Polônia

Análise genética em esqueletos medievais da Polônia indica que os fundadores da Casa de Piast podem ter raízes ancestrais nos antigos povos da Escócia

Durante muito tempo, a história da primeira dinastia real polonesa esteve cercada por especulações, lendas e lacunas documentais. A Casa de Piast, que governou a Polônia entre os séculos X e XIV, é considerada o alicerce do Estado polonês medieval. Mas quem realmente eram seus fundadores? Recentemente, um estudo genético liderado por pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Poznań trouxe à tona dados intrigantes que podem virar essa narrativa de cabeça para baixo.

A partir da análise de restos mortais atribuídos a membros da dinastia, cientistas identificaram traços genéticos que não remetem aos eslavos locais, como se esperava, mas sim a populações das ilhas britânicas — com destaque para os pictos, um povo antigo da atual Escócia.

A pesquisa por trás da descoberta genética

O projeto foi conduzido pelo biólogo molecular Marek Figlerowicz e sua equipe, que analisaram o DNA de 33 indivíduos enterrados entre 1100 e 1495, a maioria deles sepultados na histórica Catedral de Płock, no centro da Polônia. Desses, 30 eram homens e três, mulheres. O foco principal recaiu sobre o cromossomo Y, herdado exclusivamente pela linhagem masculina e altamente eficaz para rastrear ancestrais paternos ao longo de muitas gerações.

Os resultados surpreenderam a comunidade científica: praticamente todos os esqueletos masculinos da Casa de Piast compartilhavam uma variação rara do cromossomo Y, comum em populações atlânticas, especialmente entre os antigos pictos que habitaram o leste da Escócia por volta dos séculos V e VI.

DNA expõe origem escocesa secreta da primeira família real da Polônia

Uma linhagem paterna que atravessa o Mar do Norte

Esse elo genético com os pictos lança uma nova hipótese sobre a origem da dinastia Piast: ela pode ter se formado a partir de imigrantes oriundos da região do Atlântico Norte, que, de alguma forma, se estabeleceram na Polônia séculos antes do reinado de Miecisl I, o primeiro monarca documentado da casa, que governou entre 960 e 992 d.C.

Embora ainda não seja possível afirmar quando ou como essa migração ocorreu, o traço genético persiste como uma evidência clara de que os fundadores da realeza polonesa tinham uma ancestralidade muito diferente da que tradicionalmente se imaginava.

Distinção entre dinastia e povo

É importante destacar que os resultados não apontam uma origem estrangeira para a população polonesa como um todo. Estudos anteriores sobre o DNA da população local mostram continuidade genética desde a Idade do Ferro. Ou seja, embora os Piast possam ter raízes externas, os poloneses, em sua maioria, preservam uma linhagem genética estável e enraizada no território.

Isso sugere que a elite governante pode ter se originado de uma linhagem distinta, algo não incomum na história europeia medieval, onde mobilidade entre regiões e alianças transnacionais eram comuns entre nobres e guerreiros.

Conclusão

A revelação de que os primeiros reis da Polônia podem ter raízes genéticas nos antigos povos da Escócia não apenas amplia nossa compreensão sobre a origem da Casa de Piast, como também reforça o papel da genética como uma aliada da historiografia.

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