Celebrar o Dia do Artista Pintor, em 5 de maio, é mais do que exaltar técnicas e pinceladas. É reconhecer a coragem de quem transforma tela em sentimento, cor em linguagem e silêncio em expressão. A data, no Brasil, foi criada para homenagear os profissionais que usam tintas e traços como instrumentos de comunicação, emoção e memória coletiva.
Por que o Brasil celebra o Dia do Artista Pintor em 5 de maio
A data foi instituída como uma forma de valorizar e dar visibilidade ao trabalho dos artistas plásticos que se dedicam à pintura. No Brasil, esse reconhecimento ainda é um passo essencial para impulsionar a arte como profissão e como expressão cultural legítima. Muitas vezes invisibilizados ou vistos como “hobbyistas”, os pintores brasileiros enfrentam desafios diários para se manterem ativos em um mercado pouco estruturado.
1. Cândido Portinari
Portinari é, sem exagero, o nome mais emblemático da pintura brasileira. Nascido em Brodowski (SP), em 1903, ele deu voz e rosto ao povo humilde do interior, aos retirantes da seca, aos trabalhadores das lavouras e aos dramas sociais do país. Obras como Retirantes, Criança Morta e os imponentes painéis Guerra e Paz — instalados na sede da ONU em Nova York — mostram seu compromisso com a denúncia e a beleza. Portinari foi um mestre em usar a arte como instrumento de transformação social.
2. Tarsila do Amaral
Tarsila é um ícone absoluto do modernismo brasileiro. Nascida em Capivari (SP), em 1886, ela estudou em Paris, onde teve contato com vanguardas europeias, mas foi ao voltar ao Brasil que sua arte floresceu de forma única. Com um estilo que une cores tropicais, temas nacionais e formas geométricas, ela deu à luz obras como Abaporu, A Negra e Antropofagia, que sintetizam o espírito do Movimento Antropofágico. Tarsila colocou o Brasil no mapa da arte moderna com uma assinatura inconfundível.
3. Di Cavalcanti
Eduardo Di Cavalcanti foi um pintor essencialmente urbano, um retratista da alma carioca e das festas populares. Nascido no Rio de Janeiro, em 1897, ele mergulhou em temas como o samba, os subúrbios, os carnavais e os personagens comuns do Brasil cotidiano. Sua paleta quente e suas composições sensuais marcaram época. Di era também um militante, e suas obras frequentemente traziam tons políticos e sociais. Um dos grandes responsáveis por popularizar o modernismo no Brasil, sem perder o pé na realidade popular.
4. Anita Malfatti
Se hoje o modernismo é celebrado, é preciso lembrar que Anita Malfatti foi a primeira a enfrentá-lo — e a enfrentá-lo sozinha. Em 1917, sua exposição individual em São Paulo foi alvo de críticas ferozes, especialmente por parte de Monteiro Lobato. Mas Anita não recuou. Sua pintura inovadora, expressionista e emocional abriu caminho para a Semana de Arte Moderna de 1922. Obras como A Estudante Russa e O Homem Amarelo mostram seu domínio das cores e a profundidade de seu olhar.
5. Alfredo Volpi
Volpi nasceu na Itália, mas sua arte é visceralmente brasileira. Chegou ainda criança ao país e, autodidata, iniciou sua trajetória como pintor de paredes. Com o tempo, desenvolveu uma linguagem própria, marcada pelas formas geométricas, o uso preciso das cores e a representação das festas populares. Suas bandeirinhas, verdadeiras abstrações do cotidiano, tornaram-se marca registrada. Volpi soube como poucos traduzir a luminosidade e a alma do Brasil em pinceladas minimalistas, porém potentes.
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Conclusão
Celebrar o Dia do Artista Pintor é, sobretudo, um ato de reconhecimento. A pintura segue viva porque há quem insista em ver o mundo com olhos sensíveis, em transformar sentimentos em cor e silêncio em presença. Que a cada 5 de maio — e todos os outros dias — sejamos capazes de valorizar esses artistas que traduzem o invisível, que fazem do Brasil uma galeria viva de criatividade, memória e beleza.