A matemática, por séculos, foi um campo reservado aos homens, não por falta de talento feminino, mas por estruturas sociais que sufocaram, silenciaram ou ignoraram as vozes das mulheres. No entanto, algumas mentes brilhantes conseguiram furar essa bolha histórica — e mudaram o rumo da ciência. O Dia Internacional das Mulheres na Matemática, celebrado todo 12 de maio, presta homenagem a essas trajetórias extraordinárias, tendo como principal símbolo Maryam Mirzakhani, a primeira mulher a receber a prestigiada Medalha Fields.
Maryam Mirzakhani
Nascida em 12 de maio de 1977 no Irã, Maryam Mirzakhani cresceu apaixonada por histórias, antes de descobrir sua verdadeira vocação: resolver problemas matemáticos com a mesma sensibilidade que narrava ficções. Ela transformou a geometria hiperbólica em poesia, navegando por superfícies complexas e espaços de dimensão múltipla com um brilhantismo raramente visto.
Em 2014, Mirzakhani tornou-se a primeira mulher da história a receber a Medalha Fields, o equivalente ao Nobel da matemática. Suas pesquisas sobre superfícies de Riemann e espaços modulares revolucionaram áreas como a topologia e a dinâmica.
Ela faleceu precocemente, aos 40 anos, em 2017. Mas seu legado é eterno. Em sua homenagem, o dia de seu nascimento foi escolhido para celebrar globalmente o Dia das Mulheres na Matemática.
Emmy Noether
Se Albert Einstein tinha dúvidas, Emmy Noether dava respostas. A matemática alemã nascida em 1882 não apenas transformou a álgebra abstrata, como formulou um teorema tão profundo que virou pilar da física moderna. Seu Teorema de Noether liga simetria e conservação de energia — uma ponte que sustenta toda a teoria da relatividade e a mecânica quântica.
Apesar disso, Noether passou a maior parte da vida acadêmica lutando por reconhecimento. Foi impedida de lecionar oficialmente por ser mulher, viveu à sombra de colegas homens e só foi plenamente valorizada tardiamente, já nos Estados Unidos.
Hoje, seu nome é sinônimo de elegância intelectual. Grandes universidades e prêmios científicos ao redor do mundo homenageiam sua contribuição, tida como uma das mais importantes da matemática do século XX.
Katherine Johnson
Poucas mulheres simbolizam tão bem a intersecção entre ciência, resistência e justiça social quanto Katherine Johnson. Nascida em 1918 nos Estados Unidos segregacionistas, ela se destacou desde muito jovem pela habilidade em cálculos complexos. Era um prodígio. E quando a NASA precisou de cérebros confiáveis para calcular as trajetórias das missões espaciais — ela estava lá.
Katherine calculou a trajetória do voo de Alan Shepard, o primeiro americano no espaço. Depois, verificou os cálculos da missão Apollo 11, que levou o homem à Lua em 1969. Tudo isso em uma época em que mulheres negras sequer tinham direito a uma mesa própria nas instituições públicas.
A história de Katherine ganhou o mundo com o filme Estrelas Além do Tempo, de 2016, onde é retratada como a mulher que calculou o impossível.
Conclusão
Maryam Mirzakhani, Emmy Noether e Katherine Johnson não foram apenas mulheres que entenderam matemática — elas refizeram a matemática. Cada uma à sua maneira provou que o raciocínio lógico e a criatividade não têm gênero. Hoje, o 12 de maio serve como um lembrete global de que há muitas outras Mirzakhani esperando sua vez de brilhar.
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