Dia da Abolição da Escravatura: os 9 melhores livros brasileiros para entender a escravidão

Celebrado em 13 de maio, o Dia da Abolição da Escravatura marca a assinatura da Lei Áurea em 1888, que oficialmente encerrou mais de 300 anos de escravidão no Brasil. No entanto, a abolição formal não significou liberdade plena. A exclusão social, o racismo estrutural e a desigualdade continuam moldando o cotidiano da população negra brasileira até os dias de hoje. É por isso que a literatura, como espelho e denúncia, tem papel fundamental nesse debate: ela não apenas registra, mas reinterpreta, provoca e educa.

1. Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus

Publicado em 1960, este diário cru e impactante revela a rotina de uma mulher negra, catadora de papel, vivendo na favela do Canindé, em São Paulo. Embora a escravidão já tenha sido oficialmente abolida, a obra evidencia como suas consequências continuam presentes na miséria urbana. É uma leitura que desloca o leitor para dentro da fome e da exclusão.

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2. Úrsula, de Maria Firmina dos Reis

Considerado o primeiro romance abolicionista brasileiro e também o primeiro escrito por uma mulher negra no país, Úrsula foi publicado em 1859. A autora, que viveu no Maranhão, apresenta personagens negros com sentimentos, sofrimentos e vozes próprias — uma subversão radical para a época. A obra antecipa, com coragem, temas que o Brasil levaria séculos para enfrentar com seriedade.

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3. Escravidão, de Laurentino Gomes

Numa abordagem jornalística e historiadora, Laurentino mergulha no passado escravocrata do Brasil em uma trilogia que começou a ser publicada em 2019. Com base em documentos, relatos e pesquisas, o autor revela como o tráfico negreiro, o cotidiano das senzalas e a economia colonial sustentaram uma estrutura de violência que atravessou gerações.

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4. O Mulato, de Aluísio Azevedo

Publicada em 1881, essa obra naturalista apresenta o drama de Raimundo, um jovem de ascendência negra que tenta ascender socialmente em uma sociedade racista e conservadora. A narrativa expõe a hipocrisia das elites e a herança do preconceito racial mesmo após a abolição.

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5. Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha

Obra polêmica publicada em 1895, conta a história de um marinheiro negro que se apaixona por um companheiro de embarcação. Mais do que uma narrativa homoafetiva, Bom-Crioulo aborda de maneira visceral a violência, o racismo e a marginalização dos corpos negros, tudo isso em pleno final do século XIX.

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6. Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre

Clássico da sociologia brasileira, esse livro publicado em 1933 foi revolucionário ao mostrar como a formação do povo brasileiro se deu pela confluência de três matrizes: europeia, indígena e africana. Apesar das críticas contemporâneas ao seu tom conciliador, a obra permanece como referência fundamental no debate sobre heranças escravocratas.

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7. As Fantasias Eletivas, de Carlos Henrique Schroeder

Romance contemporâneo que usa a ficção para discutir identidades, passado e presente. Um dos personagens é descendente de escravizados, e a narrativa entrelaça memória, trauma e a dificuldade de lidar com as ausências provocadas por uma história oficial que apagou vozes negras.

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8. Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro

Embora não seja uma obra literária clássica, esse livro é essencial para o entendimento do racismo no Brasil de hoje. Djamila oferece reflexões e orientações práticas para combater preconceitos ainda enraizados na sociedade brasileira, frutos diretos do passado escravocrata.

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9. O Atlântico Negro, de Paul Gilroy

Embora o autor seja britânico, sua obra é de interesse direto para os leitores brasileiros. Ele explora como a cultura negra atlântica — forjada entre África, Américas e Europa — resiste e sobrevive, mesmo após séculos de escravidão e opressão. É uma leitura densa, mas poderosa, que amplia horizontes.

Dia da Abolição da Escravatura: os 9 melhores livros brasileiros para entender a escravidão

Conclusão

O 13 de Maio deve ser mais que uma data comemorativa. Deve ser um ponto de partida para refletirmos sobre o que foi — e ainda é — a escravidão no Brasil. Por meio das obras citadas, cada leitor pode iniciar (ou aprofundar) um percurso necessário: o de entender, sentir e agir diante das marcas deixadas por esse sistema que, mesmo abolido, continua influenciando profundamente a realidade brasileira.

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