Desde sua proibição pela Anvisa em 2009, os cigarros eletrônicos têm ganhado espaço no mercado brasileiro de forma notável. Segundo dados do levantamento do Ipec Inteligência realizado em 2022, mais de 2,2 milhões de adultos brasileiros já adotaram esses dispositivos regularmente, enquanto mais de 6 milhões experimentaram o produto. Um crescimento impressionante quando comparado aos 500 mil consumidores registrados em 2018, representando um aumento de quatro vezes em apenas quatro anos.
Apesar da popularidade crescente, muitos mitos envolvem os cigarros eletrônicos. Vamos separar o que é verdade do que é ficção e entender como a regulamentação poderia esclarecer a sociedade e proteger os consumidores.
1. Cigarro eletrônico é porta de entrada para o tabagismo
Mito: Estudos conduzidos pela University College London e pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos indicam que não há uma relação significativa entre o uso de cigarros eletrônicos e a migração para o tabagismo convencional entre jovens. Pelo contrário, a regulamentação desse mercado pode contribuir para a diminuição do consumo entre os mais jovens, como evidenciado pelo declínio no uso de nicotina entre os jovens americanos após a implementação de medidas regulatórias.
2. Aromatizantes atraem crianças e adolescentes
Mito: Pesquisas realizadas pela Yale School of Public Health sugerem que os aromatizantes nos cigarros eletrônicos não estão associados à iniciação do tabagismo entre menores de 18 anos. Pelo contrário, eles podem ajudar na cessação do tabagismo entre adultos, oferecendo uma alternativa mais palatável aos cigarros convencionais.
3. Cigarros eletrônicos são alternativas de potencial risco reduzido
Verdade: Quando regulamentados adequadamente, os cigarros eletrônicos representam uma opção de menor risco em comparação aos cigarros convencionais. A ausência de combustão do tabaco nos dispositivos eletrônicos reduz drasticamente a exposição a substâncias tóxicas, tornando-os até 95% menos prejudiciais, de acordo com estudos conduzidos pelo King’s College London e divulgados pelo Ministério de Saúde da Inglaterra.
4. Cigarros eletrônicos têm mais nicotina que os convencionais?
Mito: Embora a concentração de nicotina nos líquidos dos cigarros eletrônicos possa variar, os produtos comercializados no Brasil geralmente contêm menos nicotina do que os cigarros convencionais. Enquanto um maço de cigarros pode conter até 260mg de nicotina, um cigarro eletrônico comum apresenta uma concentração média de 100mg a 250mg, dependendo do modelo e do líquido utilizado.
5. Cigarros eletrônicos são opções para adultos fumantes
Verdade: Em muitos países, os cigarros eletrônicos são reconhecidos como ferramentas importantes para a redução do consumo de cigarros tradicionais. Experiências bem-sucedidas em nações como Inglaterra, Suécia e Canadá demonstram que a regulamentação desses dispositivos pode contribuir significativamente para a diminuição dos danos à saúde causados pelo tabagismo.
Apesar dos benefícios potenciais dos cigarros eletrônicos, a falta de regulamentação no Brasil representa um desafio significativo. A comercialização indiscriminada desses dispositivos sem padrões de segurança, qualidade e informação adequados pode expor os consumidores a riscos desconhecidos.
A regulamentação eficaz não apenas garantiria a segurança dos produtos, mas também forneceria orientações claras sobre sua utilização e monitoraria seu impacto na saúde pública. Com a recente movimentação do Senado Federal em relação ao tema, espera-se que a discussão sobre a regulamentação dos cigarros eletrônicos avance no país, proporcionando um ambiente mais seguro e informado para os consumidores.
Em última análise, é crucial que a sociedade e os órgãos reguladores estejam bem informados sobre os cigarros eletrônicos para tomar decisões embasadas que promovam a saúde e o bem-estar da população brasileira.