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Desmatamento ameaça parque amazônico com pinturas rupestres de milenares de anos

Foto: Peter Speetjens

O jornalista Peter Speetjens registrou um momento e publico no portal https://brasil.mongabay.com/, o momento delicado que vive um parque amazônico ameaçado pelo desmatamento descontrolado e o esquecido por parte de muitos órgãos governamentais.

O que está acontecendo? Na margem norte do Rio Amazonas, o Parque Estadual Monte Alegre (Pema), em Santarém (PA), preserva cânions, vales, cavernas e cerca de 600 pinturas rupestres — algumas com mais de 11 mil anos. Quem está no centro dessa história? Gestores do parque, pesquisadores e comunidades locais que tentam proteger a área diante de uma nova rodada de desmatamento e expansão agropecuária.

Por que isso importa agora? Porque, conforme Speetjens, sinais recentes mostram a volta do corte de floresta inclusive em zonas antes “blindadas” pelo próprio Rio Amazonas. E porque o Pema, reconhecido pela World Monuments Watch em 2022 como um dos 25 patrimônios mais importantes do mundo, ainda recebe poucos visitantes e precisa de visibilidade para sobreviver.

O museu a céu aberto que o mundo ainda não descobriu

Pema, um patrimônio que fala

Criado em 2001, o Pema guarda um conjunto raro de paisagens e arqueologia. Em mais de 3,6 mil hectares, o visitante encontra formações como a Pedra do Pilão e uma sequência de paredões com pinturas vermelhas, círculos concêntricos, figuras humanoides e símbolos que lembram calendários solares. É ciência em estado bruto, ao ar livre.

600 pinturas, 11 mil anos e uma história reescrita

Pesquisas ancoradas em datação por radiocarbono revelaram vestígios humanos na região com mais de 11 mil anos, desafiando teorias tradicionais sobre a ocupação da Amazônia. Na Caverna da Pedra Pintada, escavações de Anna Roosevelt e, depois, de Edithe Pereira, mostraram ferramentas, carvão e pigmentos que empurram para trás o relógio da presença humana no coração do continente.

A visita que encanta, o acesso que afasta

Apesar da beleza, o parque recebe cerca de 4 mil visitantes por ano — pouco para um sítio dessa relevância. Popularidade baixa e acesso difícil formam a dupla que limita o turismo. Guias locais como Luana Wanessa Assunção ajudam a decifrar painéis ancestrais, mas a infraestrutura ainda pede reforços. O potencial é global; a vitrine, local.

O retorno do desmatamento no entorno

Quando a floresta começa a clarear

Ao longo do trajeto fluvial de 50 km entre Santarém e Monte Alegre, já se veem novos pastos e clareiras. Denúncias locais apontam compras de grandes áreas para pecuária e soja, com estimativas de milhares de hectares nas mãos de poucos proprietários. O movimento não é isolado: ele espelha tendências de exploração na calha amazônica.

Dados que acendem alertas

Segundo a Global Forest Watch (GFW), entre 2001 e 2024 o Pará liderou a perda de floresta no Brasil, com 18,6 milhões de hectares; Mato Grosso soma 14,2 milhões, e Maranhão, 6,6 milhões. Em Monte Alegre, foram mais de 66 mil hectares de floresta primária úmida perdidos entre 2002 e 2024, com cerca de 11 mil hectares só no último ano. É a floresta ficando mais “rosa” nos mapas — a cor do desmatamento.

Perda acumulada 2001–2024
Pará █████████████████████ 18,6M ha
Mato Grosso ████████████████ 14,2M ha
Maranhão ███████ 6,6M ha

Monte Alegre 2002–2024
Perda total ███ 66 mil ha
Último ano █ 11 mil ha

Os números contrastam com um “colchão” de proteção ao norte, formado por um mosaico de áreas protegidas que chega a 22,3 milhões de hectares. Nele se inclui a Estação Ecológica Grão-Pará, com 4,2 milhões de hectares, a maior unidade de conservação de proteção integral de florestas tropicais do mundo. Onde a proteção é densa, a floresta resiste.

Soja, logística e o efeito dominó

A chegada da soja à margem norte do Amazonas acompanha a expansão logística da última década, com terminais portuários transformando Santarém e trechos do Tapajós em corredores de grãos. Denúncias de comunidades e investigações do Ministério Público cercam licenças e impactos, enquanto o setor pressiona pela revisão da Moratória da Soja na Amazônia. Fato é que a combinação de porto, estrada e terra barata cria incentivos para converter floresta em lavoura e pasto. E o entorno do Pema começa a sentir.

A fronteira do fogo

A baliza final do desmatamento é o fogo, usado para “limpar” áreas recém-abertas. Em anos secos, o risco explode. Em Monte Alegre, a topografia com afloramentos rochosos e vales arenosos cria mosaicos vegetais mais suscetíveis, amplificando impactos na fauna, na qualidade do ar e na própria visibilidade das pinturas rupestres. Fumaça e fuligem não combinam com pigmentos milenares.

Como proteger a floresta e revelar o tesouro cultural

Três pilares imediatos: fiscalização, ordenamento e apoio local

Fiscalização inteligente: monitoramento por satélite com resposta rápida em campo, priorizando frentes ao longo do eixo fluvial e novas estradas vicinais.

Ordenamento territorial: travar novos desmates em Zonas de Amortecimento do Pema, exigindo georreferenciamento rigoroso e rastreabilidade para pecuária e soja.

Apoio às comunidades: crédito, assistência e bioeconomia para manter a floresta em pé (castanha, copaíba, açaí, turismo de base comunitária).

No curto prazo, isso reduz a atratividade da conversão de floresta e multiplica o custo do desmate ilegal. No médio prazo, cria renda limpa e legitima quem protege.

Turismo que paga a conta da conservação

O Pema tem todos os ingredientes para um turismo científico e cultural de baixo impacto: trilhas interpretativas, observação de arte rupestre, mirantes e centros de visitantes. Um calendário de expedições guiadas por arqueólogos e guias locais, roteiros fluviais integrados a Santarém e parcerias com universidades podem elevar o tíquete médio e girar a economia da conservação. Onde há visita segura e bem contada, há floresta valorizada.

Educação e pertencimento: a melhor cerca é a da comunidade

Projetos de “adoção” de painéis por escolas, oficinas de grafismo ancestral, concursos de fotografia e mutirões de sinalização criam vínculo. Quando a população sente que o patrimônio é seu, o telefone toca antes do trator entrar. Material didático cofeito com professores e lideranças indígenas e ribeirinhas melhora a mensagem e evita o destino de iniciativas que nunca saíram da gaveta.

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Rastreabilidade e mercados que premiam quem faz certo

A rastreabilidade de grãos e carne com verificação de desmate zero é mais que tendência: é passaporte comercial. Compradores e bancos já cobram compromissos socioambientais. Para o produtor regular, é oportunidade de preço e de crédito. Para quem insiste no atalho, é travessia mais cara e arriscada. Transparência, aqui, é política de desenvolvimento.

A ciência como aliada da narrativa

O parque já nasceu com a chancela da comunidade científica. Usar essa credencial para comunicar descobertas — datas, técnicas, histórias de Wallace e dos povos que pintaram a rocha — transforma o Pema em sala de aula viva. Conteúdo multimídia, podcasts de campo e exposições itinerantes em Santarém, Belém e Manaus podem fazer em meses o que anos de burocracia não fizeram: colocar Monte Alegre no mapa afetivo do brasileiro.

Conclusão

Monte Alegre é um lembrete poderoso de que Amazônia é também cultura, ciência e memória. As 600 pinturas rupestres e as paisagens do Pema contam uma história de 11 mil anos que não pode ser apagada pelo fogo de uma estação seca ou pela pressa de um caminhão de grãos. Proteger o parque é defender uma herança que dá identidade à região e abre portas para uma economia da floresta em pé.

Para mais reportagens aprofundadas sobre Amazônia, patrimônio cultural e desenvolvimento sustentável, acompanhe o Jornal da Fronteira. Informação de qualidade é ferramenta essencial para que o parque deixe de ser um segredo bem guardado e se torne orgulho de todos.

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