A ciência arqueológica foi sacudida pela redescoberta da Placa de Saint-Belec, um artefato de pedra de quatro metros, considerado o mapa mais antigo da Europa. Este monumento, datando de 4000 anos atrás, está no centro de um projeto ambicioso que busca decifrar seus mistérios e utilizar suas marcações para encontrar sítios antigos no noroeste da França. Uma equipe de pesquisadores da Universidade do Oeste da Bretanha, entre outras instituições, dedicam-se a essa tarefa, prometendo revolucionar a maneira como os sítios arqueológicos são identificados.
Originalmente encontrado em 1900 e ignorado por sua significância histórica, o mapa foi redescoberto e estudado apropriadamente apenas em 2014. Esta placa, agora conhecida como um tesouro para a arqueologia, demarca uma área de aproximadamente 30 km por 21 km na região da Bretanha, França. Os especialistas estão diante do desafio de explorar este território, correlacionando as marcações na pedra com sítios arqueológicos reais, um processo que pode levar até 15 anos.
A abordagem de usar um artefato antigo como guia para a localização de sítios arqueológicos é inédita. Tradicionalmente, esses locais são identificados por meio de tecnologias modernas, como radares e fotografias aéreas, ou acidentalmente durante construções. A Placa de Saint-Belec, no entanto, oferece uma oportunidade única de unir métodos arqueológicos tradicionais com interpretações históricas diretas de um mapa criado há milênios.
Os pesquisadores já conseguiram identificar que as saliências e linhas na pedra representam montanhas e rios da região de Roudouallec, com uma precisão surpreendente de 80% em comparação com mapas modernos. No entanto, o significado dos símbolos geométricos e os buracos ocos, que podem representar desde sambaquis a abrigos ou depósitos geológicos, ainda permanece um mistério. A decifração desses elementos é crucial para compreender completamente a extensão e o propósito do mapa.
As escavações recentes no local onde a placa foi inicialmente descoberta revelaram ser um dos maiores cemitérios da Idade do Bronze na Bretanha. A descoberta de fragmentos do mapa, aparentemente quebrados de forma deliberada e usados na construção de tumbas, sugere uma mudança na dinâmica de poder da época. Essa prática indica que o mapa, possivelmente representando um reino antigo, perdeu sua importância após eventos significativos, como revoltas ou rebeliões, que alteraram a estrutura de poder na região.
A Placa de Saint-Belec não é apenas um artefato histórico; é uma chave para desbloquear os segredos de uma civilização perdida na Bretanha. Através de uma combinação de arqueologia tradicional e interpretações inovadoras, os pesquisadores esperam não apenas mapear a geografia antiga da região, mas também entender as sociedades que a habitavam. Este mapa de tesouro arqueológico, com seus enigmas ainda a serem solucionados, promete revelar capítulos esquecidos da história humana, testemunhando a complexidade e a riqueza das culturas que moldaram nosso passado.