Descobertas na Tanzânia as ferramentas de osso mais antigas do mundo

A arqueologia acaba de ser sacudida por uma descoberta impressionante no norte da Tanzânia. No renomado sítio arqueológico de Olduvai, conhecido como o “Berço da Humanidade”, arqueólogos desenterraram o que agora é considerado o conjunto mais antigo de ferramentas de osso, datando de impressionantes 1,5 milhão de anos atrás.

Enquanto ferramentas de pedra têm sido rastreadas até 3,3 milhões de anos atrás, as ferramentas de osso mais antigas conhecidas até então datavam de apenas 250.000 a 500.000 anos atrás. Estes novos achados, que consistem em 27 fragmentos de ossos de hipopótamos e elefantes antigos, demonstram uma habilidade inédita de nossos ancestrais em manipular materiais orgânicos complexos.

Os fragmentos exibem claras evidências de modelagem intencional, muito provavelmente utilizando ferramentas de pedra. Algumas dessas ferramentas de osso, chegando a quase 15 polegadas de comprimento, indicam que eram utilizadas para trabalhos pesados e possivelmente para múltiplas funções, incluindo cortar, raspar e perfurar.

Dr. Ignacio de la Torre, principal autor do estudo e pesquisador afiliado ao Conselho Nacional de Pesquisa da Espanha, destaca que esta descoberta reflete um avanço significativo nas habilidades cognitivas dos hominídeos da época. A capacidade de adaptar técnicas existentes de fabricação de ferramentas de pedra para criar e utilizar ferramentas de osso ilustra um desenvolvimento impressionante em reconhecimento de padrões e resolução de problemas.

Olduvai Gorge não é apenas um sítio arqueológico; é um arquivo da evolução humana. Este local já revelou numerosas fases de progresso humano, desde a criação de ferramentas simples no período Oldowan até as mais complexas ferramentas Acheulianas. A descoberta atual sugere que os hominídeos da região estavam inovando de maneiras que os pesquisadores anteriormente consideravam impossíveis para esse período.

A Dra. Renata Peters, coautora do estudo e professora associada de arqueologia na University College London, expressou entusiasmo com o potencial dessa descoberta para redefinir nossa compreensão das capacidades dos nossos ancestrais. “Essas ferramentas de osso não apenas ampliam nossa percepção da cronologia tecnológica, mas também destacam a extraordinária adaptabilidade e inovação dos hominídeos”, disse ela.

A descoberta dessas ferramentas de osso em Olduvai não apenas redefine o que sabemos sobre a tecnologia primitiva, mas também sobre a própria trajetória da evolução humana. À medida que continuamos desenterrando os segredos do passado, cada fragmento ósseo e cada pedra trabalhada nos aproxima um pouco mais de entender nossos próprios começos.