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Descoberta aponta que civilização da antiguidade possuía tecnologias avançadas muito antes do que se pensava

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Novas pesquisas sugerem que povos antigos do Sudeste Asiático Insular podem ter desenvolvido técnicas avançadas de navegação muito antes de outras sociedades.

O estudo “Testando as águas: Trabalho em fábricas e navegação marítima na Wallacea do Pleistoceno”, publicado no Journal of Archaeological Science, questiona a ideia amplamente aceita de que o avanço técnico do Paleolítico estava concentrado na África e na Europa.

Segundo os pesquisadores da Universidade Ateneu de Manila, Riczar Fuentes e Alfred Pawlik, embora fósseis e artefatos demonstrem que os primeiros humanos modernos tinham capacidade de atravessar o mar aberto, ainda faltam esclarecimentos sobre as condições que permitiram a migração para e através do Sudeste Asiático Insular, especialmente na região de Wallace.

As evidências arqueológicas obtidas incluem ferramentas de pedra encontradas em sítios nas Filipinas, Indonésia e Timor-Leste. Esses achados fornecem indícios de que, há cerca de 4.000 anos, grupos humanos já utilizavam tecnologias que rivalizavam com as de civilizações mais tardias.

Os arqueólogos destacam que a expansão austronésia no Sudeste Asiático Insular, iniciada nesse período, foi sustentada por técnicas marítimas avançadas que permitiram deslocamentos por extensas áreas oceânicas até a Oceania.

Apesar dos indícios, reconstruir a história marítima desses povos é um desafio, pois materiais orgânicos utilizados na construção de embarcações raramente resistem ao tempo. Os pesquisadores ressaltam que a escassez de artefatos relacionados diretamente às embarcações decorre do uso predominante de madeira e fibras vegetais, materiais que se deterioram facilmente no registro arqueológico.

A descoberta de evidências de processamento vegetal, como a extração de fibras destinadas à fabricação de cordas, redes e amarras, reforça a hipótese de que essas populações dominavam técnicas de construção naval e pesca em alto-mar baseadas em recursos naturais encontrados na região.

Os sítios escavados revelam ainda anzóis, restos de peixes de águas profundas como atuns e tubarões, além de ferramentas como pesos de rede e argolas. Esses elementos indicam práticas de pesca sofisticadas e domínio do ambiente marítimo. Os restos de grandes peixes pelágicos sugerem que esses navegadores tinham conhecimento sobre sazonalidade, rotas migratórias e comportamento das espécies, capacidades que apontam para um nível elevado de planejamento e de técnicas náuticas.

Diante desses dados, os autores do estudo defendem que os antigos navegadores não cruzaram mares por acidente, contrariando teorias que sugerem deslocamentos involuntários em jangadas improvisadas. Para eles, esses grupos eram navegadores experientes, preparados com tecnologias adequadas e estratégias deliberadas para alcançar ilhas e territórios distantes.

A combinação de embarcações feitas com materiais orgânicos e sistemas de amarração com fibras vegetais demonstra uma adaptação eficiente ao ambiente e um domínio notável de recursos naturais para fins de locomoção e pesca.

O estudo sustenta que a presença de tecnologia marítima avançada no Sudeste Asiático Insular pré-histórico evidencia a engenhosidade dos primeiros povos da região. Para Riczar Fuentes e Alfred Pawlik, o conhecimento desenvolvido por essas populações pode ter transformado o local em um centro regional de inovação há dezenas de milhares de anos, contribuindo para tradições marítimas que persistem até hoje.

A pesquisa reforça a necessidade de revisões nas narrativas arqueológicas sobre o desenvolvimento tecnológico das sociedades pré-históricas, destacando que importantes avanços podem ter surgido em áreas além dos centros tradicionalmente estudados.

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