Descoberta de novo parente dos humanos de 1,4 milhão de anos

Um fóssil de mandíbula encontrado na África do Sul revelou a existência de um parente até então desconhecido dos seres humanos. A descoberta da nova espécie, batizada de Paranthropus capensis, adiciona uma peça importante ao quebra-cabeça da evolução humana e levanta novas questões sobre a diversidade de hominídeos que habitaram a Terra há mais de um milhão de anos.

O que é o Paranthropus capensis?

O gênero Paranthropus já era conhecido pela ciência e recebeu o apelido de “homem quebra-nozes” devido ao tamanho impressionante de sua mandíbula e de seus molares, adaptados para triturar alimentos resistentes. O Paranthropus capensis, no entanto, apresenta uma mandíbula menor que seus parentes diretos, mas mantém outras características-chave do gênero, como o formato ósseo e a estrutura dentária.

Essa descoberta reforça a ideia de que, na época em que esses hominídeos viveram, várias espécies coexistiam, incluindo os primeiros membros do gênero Homo, que surgiram cerca de 2,8 milhões de anos atrás. Com o tempo, os Paranthropus desapareceram, enquanto nossos ancestrais diretos prosperaram, culminando no surgimento do Homo sapiens há aproximadamente 300 mil anos.

Uma descoberta baseada em um fóssil de 1949

Curiosamente, o fóssil que levou à identificação dessa nova espécie não foi descoberto recentemente. A mandíbula SK 15 foi encontrada em 1949 no sítio arqueológico de Swartkrans, na África do Sul, um local rico em evidências fósseis tanto de Paranthropus quanto de Homo.

Ao longo das décadas, cientistas levantaram diversas hipóteses sobre a qual espécie esse fóssil pertenceria. Inicialmente, ele foi classificado como Telanthropus capensis, mas essa designação caiu em desuso. Depois, nos anos 1960, alguns pesquisadores sugeriram que pertencia a um Homo ergaster, um hominídeo primitivo. No entanto, a anatomia da mandíbula SK 15 não correspondia exatamente a nenhuma dessas classificações conhecidas.

Análises modernas confirmam a nova espécie

Para resolver o mistério, pesquisadores da Universidade de Bordeaux, na França, realizaram exames detalhados usando tecnologia de raio-X e modelagem 3D. Isso permitiu uma observação minuciosa das estruturas internas e externas da mandíbula SK 15 e a comparação com outros fósseis de Paranthropus. Os resultados foram decisivos: tratava-se, de fato, de uma nova espécie desse gênero.

“Swartkrans é um sítio essencial para que possamos descobrir a extensão da diversidade dos hominídeos e entender as potenciais interações entre várias espécies”, explica o paleoantropólogo Clément Zanolli, um dos cientistas envolvidos na pesquisa. Ele destaca ainda que essa é a primeira nova espécie de Paranthropus descoberta desde a década de 1970.

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Implicações da descoberta para a evolução humana

A identificação do Paranthropus capensis reforça a ideia de que a África do Sul foi um território de grande diversidade de hominídeos no passado, com diferentes espécies coexistindo e competindo por recursos. Isso levanta novas perguntas sobre como essas espécies interagiam, se havia trocas culturais ou mesmo eventuais confrontos.

O estudo foi publicado na revista Journal of Human Evolution e deve abrir caminho para novas pesquisas sobre a evolução dos hominídeos no continente africano. Com a tecnologia cada vez mais avançada, novas descobertas podem redefinir nossa compreensão sobre as origens humanas.

Fonte: Revista Galileu