A maior maravilha da engenharia neolítica foi desvendada por uma equipe de arqueólogos que decifrou a dinâmica oculta da construção do dólmen de Menga, na Espanha, com 5.700 anos de idade. Além de descobrir sofisticadas metodologias de engenharia e construção, os pesquisadores revelaram que o alinhamento da tumba com as colinas circundantes proporcionava um espetáculo de luzes impressionante.
O dólmen de Menga, localizado em Antequera, Málaga, é considerado um dos maiores feitos de engenharia do Neolítico. Construído há cerca de 5.700 anos, no topo de uma colina, com enormes pedras, essa estrutura megalítica é a maior conhecida na Europa atualmente.
A equipe de pesquisa, composta por arqueólogos, geólogos e historiadores, demonstrou minuciosamente como esse antigo cemitério foi construído utilizando madeira, cordas e trilhas abertas. Considerando que um dos menires dentro da estrutura pesa mais de 100 toneladas, fica evidente que o planejamento meticuloso foi fundamental para a realização dessa obra.
O estudo revela que as pedras ao redor das bordas da câmara mortuária foram montadas de forma interligada, criando um sistema de canais de água que evitava a erosão e prolongava a vida útil do túmulo. Além disso, a pesquisa revela que a estrutura foi deliberadamente alinhada com as montanhas próximas, criando padrões de luz complexos no interior da câmara.
Para compreender melhor a composição das pedras, foram utilizadas técnicas de análise petrográfica e estratigráfica. A análise petrográfica consiste no estudo das rochas ao microscópio para identificar minerais, avaliar a textura e compreender sua formação. Já a análise estratigráfica foca no arranjo e nas características das camadas rochosas, decifrando a história cronológica da Terra e as mudanças ambientais. Essas técnicas revelaram que as pedras são principalmente rochas sedimentares calcareníticas, consideradas “pedras moles” pelos geólogos.
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Transportar essas pedras frágeis até o topo da colina teria sido extremamente desafiador. A equipe de pesquisa ressalta a necessidade de um nível de sofisticação de engenharia para coordenar um projeto tão massivo. O transporte da pedra do telhado, que pesa aproximadamente 150 toneladas, teria sido particularmente difícil. Para mover as enormes pedras sem danificá-las, a equipe testou vários modelos que incorporavam cordas de grama pesada, nós especializados, andaimes de madeira, gravidade e a ajuda de agricultores fora de temporada. Além disso, era essencial limpar e nivelar estradas ou caminhos para garantir a entrega sem danos das pedras.
Muitas das paisagens monumentais do mundo são atravessadas por trilhos de longa distância, estradas e rotas comerciais. No caso do dólmen de Menga, as estradas antigas não apenas eram utilizadas para o transporte de pedras, mas também unificavam simbolicamente pontos significativos na paisagem e no céu, de acordo com as noções cosmológicas da época. Essas estradas eram fundamentais para conectar o topo das colinas com os vastos túmulos de pedra.
O estudo do dólmen de Menga revelou não apenas as sofisticadas metodologias de engenharia e construção utilizadas no Neolítico, mas também a importância do alinhamento da estrutura com as colinas circundantes e a utilização de estradas e caminhos para o transporte das pedras. Esse trabalho multidisciplinar dos arqueólogos, geólogos e historiadores possibilitou uma compreensão mais profunda dessa maravilha da engenharia neolítica.