Se você já visitou Santa Catarina ou conhece alguém que nasceu lá, provavelmente já ouviu a expressão “barriga-verde”.
Mas, afinal, de onde surgiu esse apelido tão peculiar? Prepare-se para uma viagem no tempo com tintas históricas, um pouco de folclore e algumas versões que misturam realidade e lenda.
Uma cor, várias versões
A origem do termo “barriga-verde” é cercada de curiosidade e debate. A explicação mais aceita está ligada ao século XVIII, quando soldados que serviam no Regimento de Dragões Reais do sul do Brasil, em especial em Santa Catarina, usavam fardas com faixas verdes ao redor da cintura. Essas faixas, feitas de tecido grosso, protegiam os soldados do frio serrano – o que não é pouca coisa para quem já enfrentou um inverno em Lages ou São Joaquim.
Essa vestimenta chamou atenção e acabou virando motivo de piada e identidade ao mesmo tempo. O povo de outras regiões passou a se referir aos catarinenses como os soldados da “barriga verde”. E o apelido pegou.
Da casaca do lagarto ao orgulho estadual
Outra versão popular – mais folclórica, diga-se – conta que os habitantes de Santa Catarina seriam chamados de “barriga-verde” porque, no passado, comiam tanto lagarto que acabavam ficando da cor do bicho por dentro. Sim, é folclore puro, mas a história é tão repetida que virou parte do anedotário local. O próprio lagarto verde é usado, até hoje, em charges e imagens que fazem alusão aos catarinenses.

Apesar das piadas e do tom caricato, o termo nunca foi ofensivo. Ao contrário, “barriga-verde” é usado com orgulho por quem nasce em Santa Catarina. Tanto que o apelido já virou nome de banda, título de livro, mascote de clube e até símbolo turístico.
Herança militar que virou identidade cultural
Voltando à versão militar, há registros oficiais que confirmam o uso das faixas verdes no uniforme dos dragões catarinenses. Esses soldados faziam parte das tropas coloniais que protegiam o sul do Brasil de invasões estrangeiras e conflitos internos. Usavam botas altas, espadas e, claro, a faixa verde enrolada no abdômen – marca que os distinguia dos demais batalhões do país.
Com o passar do tempo, o traje militar sumiu, mas a expressão “barriga-verde” continuou viva na memória e na fala popular. Em tempos de guerra ou paz, o apelido colou como herança.
De apelido a símbolo oficial
Atualmente, “barriga-verde” é mais do que uma expressão regional: é uma marca da identidade catarinense. Em discursos políticos, campanhas publicitárias e eventos culturais, o termo aparece com frequência, sempre carregado de afeto e orgulho.
A própria Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina já fez campanhas valorizando a expressão. E muitas escolas incluem a história do “barriga-verde” no currículo de história regional, como forma de valorizar as raízes locais.
Curiosidade que conecta gerações
Para as novas gerações, entender o significado de “barriga-verde” é mais do que saber de onde veio o apelido. É compreender a construção de uma identidade coletiva, de um povo que enfrentou o frio, a guerra, e os tropeços da história – mas que manteve sempre o bom humor e o espírito acolhedor.
E cá entre nós: se a barriga é verde, o coração é vermelho de orgulho por tudo que Santa Catarina representa.
Conclusão
O apelido “barriga-verde” não surgiu por acaso. Ele tem raízes históricas, com soldados que vestiam faixas verdes em tempos coloniais, mas também se alimenta do imaginário popular, com lendas e histórias bem-humoradas.
O que começou como uma descrição de uniforme virou símbolo de identidade e carinho. Hoje, ser “barriga-verde” é motivo de orgulho, de reconhecimento e, acima de tudo, de pertencimento. É uma dessas expressões que ultrapassam o tempo e conectam quem vive em Santa Catarina com sua história, cultura e valores.
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Estudante da área de saúde, Crysne Caroline Bresolin Basquera é especialista em produção de conteúdo local e regional, saúde, redes sociais e governos.