Quando se fala em Páscoa, muita gente pensa logo em chocolate, coelhinhos e feriado prolongado. Mas por trás dos ovos coloridos e das vitrines temáticas, existe uma história milenar que atravessa religiões, culturas e civilizações. A Páscoa, antes de ser doce, foi dramática — carregada de simbolismos, sofrimento e libertação.
Onde surgiu a Páscoa?
A Páscoa surgiu no Antigo Oriente Médio, mais precisamente entre os hebreus escravizados no Egito, por volta do século XIII a.C. A palavra vem do hebraico Pessach, que significa “passagem”, e faz referência à libertação do povo judeu após séculos de servidão. Segundo a tradição bíblica, Deus ordenou que os hebreus marcassem suas portas com o sangue de um cordeiro para que fossem poupados da última praga enviada ao Egito — a morte dos primogênitos. Essa noite marcou a saída dos hebreus rumo à liberdade e passou a ser celebrada todos os anos como símbolo de renascimento e esperança.
Com o tempo, a Páscoa foi ressignificada pelos cristãos como a celebração da ressurreição de Jesus Cristo, ocorrida justamente durante o período da Pessach. Assim, o que começou como um rito judaico de libertação, tornou-se uma das datas mais importantes do Cristianismo.
Páscoa Judaica
A história da Páscoa começa no Antigo Testamento, mais precisamente no livro do Êxodo. A palavra Páscoa vem do hebraico Pessach, que significa “passagem”. E não é metáfora poética: estamos falando da dramática fuga dos hebreus da escravidão no Egito, liderados por Moisés, rumo à Terra Prometida.
Segundo a tradição judaica, Deus ordenou que cada família hebraica sacrificasse um cordeiro e marcasse com seu sangue os batentes das portas. Isso porque, naquela noite, o anjo da morte passaria pelo Egito e pouparia apenas as casas sinalizadas — daí o termo “passagem”. O faraó, finalmente convencido após a morte de seu primogênito, libertou os hebreus. Esse evento, comemorado até hoje como a Pessach, marca a origem da Páscoa como celebração de liberdade e fé.
Páscoa Cristã
Séculos depois, o simbolismo da Páscoa foi ressignificado com o nascimento do Cristianismo. A crucificação e a ressurreição de Jesus Cristo ocorreram durante a época da Páscoa judaica, e os primeiros cristãos interpretaram isso como o cumprimento de uma nova promessa: a libertação não da escravidão física, mas do pecado e da morte.
A partir do século II, os cristãos começaram a celebrar a ressurreição de Cristo no domingo seguinte ao 14º dia do mês de Nissan (calendário judaico), que corresponde à Lua cheia de março ou abril. Com o tempo, a Páscoa Cristã se consolidou como o ápice do calendário litúrgico cristão, encerrando a Quaresma e celebrando a vida eterna.
Tradições populares: coelhos, ovos e chocolates
Mas onde entram os coelhos e os ovos nessa história toda? Aí vem o sincretismo cultural. O coelho é um símbolo ancestral de fertilidade, usado por povos germânicos em rituais de primavera muito antes do Cristianismo. Já os ovos, também associados à renovação da vida, eram pintados e trocados como presentes muito antes de serem de chocolate.
Com a cristianização da Europa, essas tradições foram sendo incorporadas aos ritos pascais. No século XIX, confeiteiros alemães tiveram a brilhante ideia de fazer ovos… de chocolate. E foi aí que a coisa deslanchou de vez. A indústria adorou, e o mundo também.
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A Páscoa no Brasil
No Brasil, a Páscoa é um evento tanto religioso quanto cultural. Milhões de católicos participam de missas, encenações da Paixão de Cristo e procissões. Paralelamente, famílias se reúnem para almoços especiais — muitas vezes com peixe, já que a carne vermelha é tradicionalmente evitada durante a Sexta-feira Santa.
E claro, há os ovos de chocolate. O Brasil está entre os maiores consumidores de chocolate no mundo, e a época da Páscoa representa um boom de vendas para o setor — tanto que a data é considerada, comercialmente, a “segunda Natal” do varejo.
O que celebramos hoje?
Em tempos modernos, em que tradições são revisitadas e ressignificadas, a Páscoa continua sendo um momento de pausa, de introspecção e renovação. Seja pela fé na ressurreição de Cristo, pela lembrança da luta dos hebreus por liberdade, ou simplesmente por um reencontro com a família, a celebração carrega uma mensagem universal: renascer é possível.
Mesmo em meio ao caos, à dor ou à desesperança, a Páscoa nos relembra que sempre há um domingo de manhã — mesmo depois de uma sexta-feira sombria.