Cresce a censura literária nos EUA: clássicos como A Laranja Mecânica e obras de Stephen King são banidos das escolas

Cresce a censura literária nos EUA: clássicos como A Laranja Mecânica e obras de Stephen King são banidos das escolas

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A literatura, símbolo universal da liberdade de expressão, enfrenta um dos momentos mais delicados da história recente nos Estados Unidos. Um relatório divulgado pela PEN America, organização que monitora ataques à liberdade artística e intelectual, aponta um crescimento alarmante da censura literária em escolas norte-americanas, que agora atinge até clássicos consagrados como A Laranja Mecânica, de Anthony Burgess.

De acordo com o estudo, o número de proibições de livros aumentou 171% no último ano letivo, em comparação com o período anterior. Foram registrados 6.870 casos de restrição a obras literárias em 87 distritos escolares espalhados por 23 estados, resultado direto de uma onda conservadora que vem alterando a política educacional em vários estados do país.

Clássicos na lista negra

O relatório revela que A Laranja Mecânica foi a obra mais censurada no ano, com 23 proibições em diferentes escolas. O romance, conhecido por seu retrato violento e sua crítica à manipulação social, foi considerado “inadequado” por grupos conservadores que pressionam por maior controle sobre o conteúdo educacional.

Mas Burgess não está sozinho nessa batalha. O autor Stephen King lidera o ranking de proibições, com 87 títulos banidos em diferentes distritos. Escritores como Gabriel García Márquez, Margaret Atwood, Judy Blume e Toni Morrison também figuram na lista de obras censuradas — um cenário que reacende o debate sobre o papel da literatura em tempos de polarização.

Cresce a censura literária nos EUA: clássicos como A Laranja Mecânica e obras de Stephen King são banidos das escolas

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Flórida e Texas concentram os maiores índices

Entre os estados mais afetados, Flórida e Texas lideram com folga. A Flórida registrou 2.305 casos de censura em 33 distritos, enquanto o Texas contabilizou 1.781 proibições em 7 distritos. Ambos implementaram legislações que restringem discussões sobre raça, gênero e sexualidade em ambiente escolar.

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A lei “Stop Woke Act”, por exemplo, limita o debate sobre preconceito e história racial, enquanto a chamada “Don’t Say Gay” proíbe menções à diversidade sexual e de gênero em sala de aula. Essas medidas, defendidas por setores conservadores, têm servido de base para a retirada de obras que abordam temas como direitos civis, feminismo e inclusão social.

O fenômeno reacende discussões sobre os limites da moralidade e o papel do Estado na educação. Para os defensores da liberdade de expressão, impedir o acesso a obras literárias é uma forma de apagamento cultural, capaz de comprometer gerações inteiras de leitores.

A literatura, afinal, sempre serviu como espelho da sociedade — refletindo suas contradições, dores e esperanças. Ao restringir o contato com diferentes ideias, a censura literária mina a essência da educação democrática.

Fonte: Aventuras na História

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