O Banco Central do Brasil divulgou nesta quinta-feira (24) que as contas externas do país registraram um saldo negativo de US$ 4,029 bilhões em junho de 2024. Esse resultado reflete uma deterioração significativa em comparação ao déficit de US$ 182 milhões registrado no mesmo mês de 2023.
O principal fator responsável pelo aumento do déficit nas contas externas foi a queda de US$ 3,3 bilhões no superávit comercial. Essa redução deve-se, em grande parte, à diminuição no valor das exportações brasileiras. Em junho de 2024, as exportações de bens totalizaram US$ 29,322 bilhões, uma queda de 1,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Essa queda foi influenciada pela redução dos preços das commodities e pelo aumento dos custos de frete.
Em contrapartida, as importações somaram US$ 23,278 bilhões, representando um aumento de 13,2% em comparação a junho de 2023. Este aumento nas importações, combinado com a queda nas exportações, resultou em um superávit comercial de US$ 6,044 bilhões, significativamente menor que o saldo positivo de US$ 9,299 bilhões registrado no mesmo período do ano passado.
Além da queda no superávit comercial, o aumento nos déficits de serviços e renda primária também contribuiu para o resultado negativo das transações correntes. O déficit na conta de serviços, que inclui viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros, somou US$ 4,144 bilhões em junho de 2024, um crescimento de 10,7% em relação aos US$ 3,745 bilhões registrados em junho de 2023.
De acordo com Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, houve um crescimento na corrente de comércio de serviços, com recordes tanto em receitas quanto em despesas no mês passado. Na comparação interanual, uma das maiores altas foi no déficit em serviços de propriedade intelectual, que subiu 82,8%, totalizando US$ 793 milhões.
Esse aumento foi puxado principalmente pelos serviços de streaming. Os serviços de telecomunicação, computação e informações também tiveram um crescimento significativo, chegando a US$ 476 milhões.
O déficit em renda primária, que inclui lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários, chegou a US$ 6,166 bilhões em junho de 2024, ligeiramente acima dos US$ 6,120 bilhões registrados no mesmo mês do ano passado. As despesas líquidas com juros somaram US$ 2,338 bilhões, 5,5% menores que o resultado de maio de 2023. No caso dos lucros e dividendos associados aos investimentos diretos e em carteira, o déficit foi de US$ 3,865 bilhões, um aumento de 5,9% na comparação interanual.
A renda secundária, que inclui doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens, também teve uma redução no superávit. Em junho de 2024, o superávit da conta de renda secundária foi de US$ 237 milhões, comparado a US$ 385 milhões no mesmo mês de 2023.
Nos 12 meses encerrados em junho de 2024, o déficit em transações correntes somou US$ 31,453 bilhões, representando 1,41% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse valor é superior ao saldo negativo de US$ 27,605 bilhões (1,23% do PIB) registrado no mês anterior. Comparado ao período equivalente terminado em junho de 2023, houve uma diminuição, já que o déficit na ocasião foi de US$ 39,281 bilhões (1,93% do PIB).
Fernando Rocha destacou que, embora as transações correntes tenham apresentado um cenário robusto nos últimos anos, a tendência de redução dos déficits foi interrompida a partir de março deste ano. Apesar disso, o déficit externo continua sendo baixo para os padrões da economia brasileira e está sendo financiado por capitais de longo prazo, principalmente por meio de investimentos diretos no país (IDP).
Os investimentos diretos no país (IDP) em junho de 2024 somaram US$ 6,269 bilhões, o melhor resultado desde junho de 2013, quando o IDP foi de US$ 10,3 bilhões. Esse aumento nos investimentos demonstra uma confiança dos investidores na economia brasileira, mesmo em um cenário de déficit nas contas externas.
No acumulado de janeiro a junho de 2024, o déficit nas transações correntes foi de US$ 18,691 bilhões, em comparação com um saldo negativo de US$ 8,983 bilhões no primeiro semestre de 2023. Esse resultado também é explicado pela redução do superávit comercial e pelo aumento do déficit da conta de serviços.
Nesta edição das estatísticas do setor externo, o Banco Central apresentou revisões no balanço de pagamentos. A revisão ordinária refere-se à incorporação dos resultados da pesquisa de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE). Além disso, foram realizadas revisões metodológicas, envolvendo as transações entre residentes e não residentes referentes a criptoativos e a jogos e apostas.
Para 2023, a revisão reduziu em US$ 9,1 bilhões o déficit em transações correntes, de US$ 30,8 bilhões (1,42% do PIB) para US$ 21,7 bilhões (1% do PIB). Essa redução foi devido a variações positivas no saldo comercial e na renda secundária, parcialmente compensadas pelo aumento nos déficits em serviços e na renda primária.
Impacto das Exportações e Importações
A balança comercial é um dos componentes mais significativos das contas externas do país. Em junho de 2024, as exportações de bens totalizaram US$ 29,322 bilhões, uma redução de 1,8% em relação ao mesmo mês de 2023. Essa queda foi influenciada pela diminuição nos preços das commodities e pelo aumento nos custos de frete.
Por outro lado, as importações somaram US$ 23,278 bilhões, representando um aumento de 13,2% em comparação a junho de 2023. Este crescimento nas importações, combinado com a queda nas exportações, resultou em um superávit comercial de US$ 6,044 bilhões, significativamente menor que o saldo positivo de US$ 9,299 bilhões registrado no mesmo período do ano passado.
Quando o país registra saldo negativo em transações correntes, é necessário cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos do exterior. A melhor forma de financiamento desse saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo e costumam ser de longo prazo. Em junho de 2024, os ingressos líquidos em investimentos diretos no país somaram US$ 6,269 bilhões, um aumento significativo em comparação com os US$ 1,950 bilhão registrados no mesmo período de 2023.
No caso dos investimentos em carteira no mercado doméstico, houve entrada líquida de US$ 554 milhões em junho de 2024, composta por receitas líquidas de US$ 1,718 bilhão em títulos da dívida e saídas líquidas de US$ 1,164 bilhão em ações e fundos de investimento.
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